tag:blogger.com,1999:blog-34568523161519058552024-03-05T16:04:14.930-08:00Tratados OrdináriosIgorhttp://www.blogger.com/profile/13027619183706761932noreply@blogger.comBlogger16125tag:blogger.com,1999:blog-3456852316151905855.post-73829754390917697262009-04-06T18:38:00.001-07:002009-04-06T18:38:40.104-07:00Por que os direitos naturais não são suficientes<p align="justify">Existe um aspecto na ética de direitos naturais defendida pelos liberais/libertários que constantemente é esquecido, o que constitui uma falta grave: a sua insuficiência dentro da filosofia. E, para que isso não soe provocativo ou ultrajante, trata-se de uma característica fundamental deste sistema ético; afinal, fosse ele pretensamente taxativo e extenso, haveria muito mais possibilidade de falhar e cometer abusos e injustiças. A ética que se arrogasse a tarefa de conter toda a verdade em si própria extrapolaria o limite fundamental da própria ética: sua oponibilidade a outrem, sua obrigatoriedade universal.</p> <p align="justify">Entretanto, ainda que não seja este um defeito, na maioria das vezes é parcamente tratado em livros, artigos e pesquisas sobre o assunto.</p> <p align="justify">É preciso reconhecer e lembrar, sempre, que a única função e aplicabilidade da ética de direitos naturais é a busca da justiça objetiva. Tudo que se tente encontrar além disso usando analogias ao direito natural será uma extrapolação sem-sentido e, na maioria das vezes, prejudicial ao próprio atingimento do que buscam tais mandamentos. Explico-me.</p> <p align="justify">Tomemos por exemplo o caso dos projetos sociais mantidos pelo governo. Obviamente, como o governo jamais produziu e provavelmente nunca produzirá riqueza alguma, como todos sabem, somente pode tirar os recursos necessários para tais projetos de impostos – ou seja, apropriações ilegítimas da propriedade dos indivíduos. Em posse deste dinheiro, o governo promete ajudar os pobres. Não fosse o pequeno grande detalhe de que o dinheiro foi apropriado ilegitimamente, não haveria qualquer problema em se ajudar pessoas que passam necessidade. Mas justamente este fato é o que derruba toda a construção governamental, que normalmente não passa de proselitismo com dinheiro alheio. Através da ética de direitos naturais sabemos que, a partir da apropriação legítima de um bem, este somente poderá ser transferido legitimamente com o consentimento do proprietário, ou por algum mandamento compatível com mandamentos de direitos naturais. Não existe, como sabemos, o dever de ajudar outrem e, logo, a tomada arbitrária de propriedade ou liberdade para este fim não deve ser tolerada, seja pelo governo, seja por uma outra instituição.</p> <p align="justify">O grande problema ocorre quando transportamos este mandamento para o campo da moral e tentamos viver em função deste sistema.</p> <p align="justify">O caso ocorre quando o liberal/libertário acredita que seja completamente normal levar uma vida longe da caridade, ou longe da tolerância social, cultural ou religiosa, por exemplo. Não ter o direito de obrigar indivíduos a cooperarem jamais significará que uma postura irascível e mesquinha deve ser tolerada de bom grado: não deve. Tão importante quanto prezar pela justiça é cultivar, promover e aprimorar o que seja o melhor caminho a seguir. E é justamente disso que trata a moral: <em>ao passo que a ética de direitos naturais nos diz qual caminho não devemos traçar, ou seja, trata de mandamentos negativos, a moral nos indica qual é o melhor caminho a ser seguido, que trará não só frutos indivíduais, mas, principalmente, coletivos</em>. </p> <p align="justify">Em verdade, a nenhum indivíduo é possível viver somente se abstendo de praticar condutas e nenhum indivíduo terá condição de ser plenamente feliz ou realizado se não existe perspectivas do que <em>fazer</em>, ao invés do que não-fazer.</p> Igorhttp://www.blogger.com/profile/13027619183706761932noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456852316151905855.post-69704561129662126932009-03-31T10:55:00.001-07:002009-03-31T10:55:35.614-07:00Algumas considerações acerca do minarquismo<p align="justify">O <strong>minarquismo</strong>, assim como o "neoliberalismo", é uma corrente político-filosófica sem doutrina. Na verdade, não há qualquer grande obra ou grande pensador que tenha cunhado o termo e definido suas diretrizes, sua ideologia, seus valores morais e éticos. Mas, assim com o neologismo esquerdista, identifica uma corrente de pensamento nomeada por seus críticos ou comentaristas - à diferença que não há, a meu ver, qualquer conotação perjorativa.</p> <p align="justify">O que os adeptos do minarquismo têm em comum é a aceitação do Estado como instituição legítima desde que se limite à manutenção da segurança e da justiça - o que não o impediria de ter as mesmas funções de hoje, como o Poder Executivo, para cuidar da administração pública, o Poder Legislativo, para criação e modificação das leis, e o Poder Judiciário, que cuidasse da aplicação das leis.</p> <p align="justify">Imagino que, ao descrever como seria a organização de um Estado minarquista, já invado uma seara que não é pacífica. Tudo que disse provavelmente não reunirá mais que alguns poucos minarquistas em favor da minha opinião, e isso ocorre, justamente, porque não há qualquer sistematização desta posição - e é este o motivo de tantas pessoas abandonarem o minarquismo para aderirem a uma outra corrente, normalmente o <em>anarco-capitalismo</em>. </p> <p><strong>A legitimidade do Estado</strong></p> <p align="justify">Talvez seja este um parágrafo um pouco indigesto para todos os anarco-capitalistas e, inclusive, para os minarquistas. Falar em legitimidade do Estado muitas vezes causa mais revolta entre liberais que cuspir na cruz na presença de católicos, mas vamos lá.</p> <p align="justify">Todo liberal - seja minarquista, seja ancap, ou qualquer outra corrente - deve, necessariamente, para fundamentar sua posição, ser partidário de um direito natural, isto é, um direito <em>a priori</em>; um direito que seja reconhecido pela sociedade, em detrimento da posição de que o direito é fruto de uma instituição. Como característica fundamental, a ética de direitos naturais é universal, ou seja, é oponível a todos os indivíduos, em qualquer lugar do globo. A ética de direitos naturais é imperativa, ou seja, ela se impõe sobre todos os indivíduos, não importando se consentem com esta ou não; isso significa que ninguém poderá alegar que é injusto ser punido pelo assassinato de alguém se não consentiu que o assassinato deve ser crime. Esta ética também é subsidiária em vários pontos, ou seja, há uma margem considerável de voluntarismo em relação às infrações éticas por parte da vítima (v.g., um sujeito pode consentir que lhe batam, agredindo sua integridade física), mas, na falta deste consentimento, a justiça não pode deixar de ser feita, sob pena de enfraquecer a força desta ética; ela é disponível em relação à passividade do sujeito, mas não em relação à atividade do sujeito: pode haver consentimento de ações passivas contra ele que afrontem a ética de direitos naturais, mas não pode haver atividade do sujeito que confronte a ética de direitos naturais; em suma, é lícito apanhar, mas não é lícito bater.</p> <p align="justify">Se se admite que há indisponibilidade do indivíduo em relação a algum aspecto da sua vida, também se admite que, na mesma área dessa indisponibilidade individual inside um imperativo coletivo - que é a aplicação da ética de direitos naturais.</p> <p align="justify">Um sujeito deve ser perfeitamente livre para aderir às mais diversas instituições privadas que desejar, mas, se é certo que existem direitos <em>e deveres</em> universais, é também certo que a aplicação destes seja compulsória: daí por indivíduos não poderem afastar-se da eficácia destes e daí porque torna-se necessário e justo um sistema que tenha como fundamento primeiro a ética imperativa, e não o consentimento do indivíduo. Qualquer afronta a este sistema é nula e, se não há um último garantidor - construído essencialmente sobre a justiça - de que esta nulidade seja sanada, então não há qualquer garantia de que a ética de direitos naturais será, ao menos, perseguida.</p> Igorhttp://www.blogger.com/profile/13027619183706761932noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3456852316151905855.post-86804481584275138372009-03-08T11:56:00.001-07:002009-03-08T11:57:01.638-07:00A Igreja Católica e o Aborto<p align="justify">Apesar do texto abaixo não ter qualquer relação com o assunto que acabou estourando na última semana pelo noticiário tupiniquim, talvez seja interessante aproveitar o "clima" para fazer minhas considerações sobre o caso.</p> <p align="justify">Trata-se do caso da menina de 9 anos, grávida de gêmeos em decorrência de um estupro praticado por seu padastro. Com os noticiários correndo o país, tudo seguiu o seu rumo normal: entidades abortistas tomaram carona na dor da família para fazer proselitismo, políticos progressistas utilizaram o caso para arrebatar mais alguns minutos de fama para seus projetos e a Igreja Católica defendeu que a vida é sagrada e nem mesmo um caso dessa maneira serve de pretexto para um aborto.</p> <p align="justify">O que se seguiu dessa última reação normal ao caso serviu para desmistificar a tese de que a Igreja Católica possui a simpatia da "mídia conservadora"; aliás, serviu para fazer ruir todo e qualquer discurso da "mídia reacionária", tão denunciada pelas esquerdas: todos os jornais e canais travaram uma disputa para ver quem atacava mais duramente, mais inconseqüentemente a Igreja.</p> <p align="justify">Diversos intelectuais, médicos, "especialistas" de toda a sorte foram convidados a expor suas opiniões sobre o tema - que, como não podia deixa de ser, eram contrárias à Igreja. Durante uma semana inteira, telejornais de todos os horários reservavam um espaço do noticiário para demonstrar a "repercussão internacional" da atitude da Igreja. Do outro lado, somente holofotes para a conduta do Arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho. Obviamente, o fato de não entrevistas médicos, intelectuais e outros que apoiavam a decisão da Igreja Católica não foi acidental: a estratégia era isolar o Arcebispo e fazê-lo parecer retrógrado, esclerosado e insensível à dor da família.</p> <p align="justify">Muitos se esforçaram no quesito imbecilidade, mas acredito que Kennedy Alencar, colunista da Folha, tenha ganhado de Arnaldo Jabour - campeão histórico - por alguns centímetros de diferença.</p> <p align="justify">Em sua coluna de sábado passado, dia 7, Kennedy toca em todos os pontos-comuns de críticas à Igreja; exercita todo seu progressismo e ainda sugere como a Igreja deve se portar. Vocês sabem como é: certas pessoas pensam que instituições com 2.000 anos de vida ainda não aprenderam a se adaptar aos "novos tempos", não aprenderam a renovar sua mensagem e suas práticas, daí a necessidade de serem aconselhadas por intelectuais do peso de Kennedy Alencar.</p> <p align="justify">Analisemos.</p> <p align="justify"><strong>Os dogmas da Igreja e a postura dos fiéis</strong></p> <p align="justify">Logo no início de seu texto, afirma Kennedy Alencar que "c<em>omo toda instituição viva, seus dogmas merecem contestação de quem pertence aos seus quadros, de quem já pertenceu e de que não pertence</em>".</p> <p align="justify">De cara, Kennedy Alencar já aplica um golpe em seus leitores: sob as vestes da liberdade de expressão, tenta imputar a Igreja a obrigação de questionar os motivos pelos quais ela é, vejam só!, a Igreja! Obviamente, o que Kennedy Alencar pretende não é defender a liberdade de opinião: isso já existe e é latente; inclusive, após os movimentos até questionáveis da Igreja rumo ao ecumenismo pós-Concílio Vaticano II, não há qualquer indivíduo sensato capaz de acusar a Igreja de restrições impostas à comunidade católica e não-católica em relação aos seus princípios.</p> <p align="justify">Questionar, no sentido de meditar, inquirir, esforçar-se para entender os dogmas da Igreja é um exercício válido e exigível de todo católico, afinal, os dogmas não nos propõem mistérios ininteligíveis. Porém, não é este o sentido de "questionar" intencionado por Kennedy. O que deseja o colunista é discutir a validade e a veracidade dos dogmas católicos. Ora, a Igreja desde os primórdios da sua existência assenta sua autoridade e ensinamento sobre os dogmas de fé; ainda assim, muitos outros foram incorporados à doutrina após centenas de anos de análise por teólogos e filósofos da Igreja - donde não se pode levantar a questão de um fundamentalismo bíblico ou tradicionalista.</p> <p align="justify">O questionar kennedyiano assume a face do confronto, do livre exame pessoal dos dogmas, o que é inaceitável. Ser católico é, antes de tudo, uma escolha individual e livre: ninguém é obrigado a ser católico, mas existe uma livre adesão por parte do sujeito que compactua com seus princípios. E um dos princípios essenciais da Igreja é a obediência às suas normas. Obediência, com a devida vênia, não se trata de aceitar somente aquilo com o que se concorda; antes, é a posição de aceitação passiva daquilo que não se pode alcançar.</p> <p align="justify"><strong>O Igreja e o Estado laico</strong></p> <p align="justify">Continua Kennedy Alencar em seus espasmos de genialidade: "<em>os religiosos se julgam no direito de criticar decisões legais, como o aborto de uma criança de 9 anos que foi estuprada. Ora, se podem meter o bedelho nas regras do Estado laico e democrático, podem também ouvir críticas aos seus dogmas</em>".</p> <p align="justify">Pensadores como Kennedy entendem a laicidade do Estado como a negação de Deus ou a veracidade de uma religião, o que é falso. A laicidade do Estado significa que, pelo bem dos indivíduos e para garantias mais firmes de que o Estado não descambará para uma perseguição dos fiéis do credo X ou Y, existe um distanciamento do Estado e de seu aparelho administrativo das questões teológicas. De maneira diferente, o Estado não pode presumir que a Igreja e seus componentes tenham o mesmo afastamento pelo simples motivo de que a Igreja, como todos os indivíduos e associações privadas, está sob o domínio do Estado, mas não o contrário. A opinião de um bispo tem o mesmo peso da opinião de um líder sindical, por exemplo, porque representa uma quantidade imensa de pessoas, mobilizadas por uma caraterística comum, qual seja, no caso, a adoção da moral e dos valores cristãos.</p> <p align="justify">Desse modo, a Igreja tem total liberdade e legitimidade para se expressar, criticar o Estado e, ainda, utilizar o aparato estatal buscando a justiça, da maneira que lhe aprouver. Não é possível ser coerente quando se afirma que a Igreja tem de se sujeitar ao debate de seus princípios, mas o Estado não pode sofrer a mesma ação. E Kennedy Alencar não é coerente, tampouco honesto: vedar o acesso da Igreja à justiça é uma violência tão grande quanto privar um indigente de obter o amparo da lei, simplesmente porque, em relação ao poder estatal, Igreja e indivíduo não possuem qualquer força comparável, tornando-se meros súditos.</p> <p align="justify"><strong>A excomunhão e a </strong><strong>liberdade</strong></p> <p align="justify">"<em>Nesse contexto, é absurda a excomunhão dos médicos e da mãe da menina estuprada pelo padrasto</em>".</p> <p align="justify">Inspirado, Kennedy acha que já reuniu argumentos suficientes para chegar à conclusão de que a excomunhão é absurda. Somente por curiosidade, tentemos estabelecer um nexo causal utilizando a lógica kennedyiana: <em>dogmas devem ser confrontados e o estado é laico, logo, a excomunhão é absurda</em>. Vejam que rigor racional! Descartes sentiria-se envergonhado ao lado de Kennedy Alencar.</p> <p align="justify">"<em>Os idiotas da subjetividade vão dizer que é assunto da Igreja Católica e ponto final. (...) Quem é católico que se acomode, e os incomodados que se retirem</em>".</p> <p align="justify">Reafirmo minha posição de que o estupro constitui uma violência contra a mulher, um fato completamente imprevisível que a tira de uma situação de segurança e joga-lhe numa espiral de responsabilidades sem seu consentimento. Por isso, afirmo que a lei não deve vedar-lhe o aborto terapêutico - observadas estritas regras, claro. Por outro lado, permanece com ela a escolha moral; permanece com ela o ônus de optar pelo caminho mais fácil, mais prático. E são essas escolhas que os cristãos são chamados a fazer durante toda sua vida.</p> <p align="justify">Cristo não nos deixa a esperança de um paraíso na terra, apesar de ser possível ao homem construir o amor e perpetuar a paz; antes, é da lei natural que o homem sofra, que diversas tragédias aconteçam sem que haja algum motivo específico e individual para o sofrimento: ao mais perfeito e puro dos homens foi destinado o maior dos sofrimentos. Ainda que o cenário geral seja positivo, o cristão deve fazer escolhas muitas vezes contrárias ao prazer imediato e temporal.</p> <p align="justify">Entretanto, como já mencionado, a opção por Cristo não é uma imposição, mas uma adesão. A partir do momento em que aderimos a uma certa ideologia ou instituição, tornamo-nos moralmente obrigados - por nós mesmos!! - a seguir suas regras, agir de modo a não ferir seus limites. E quando incorremos em um erro e uma falta, não atinigimos a instituição da qual fazemos partes, mas, em primeiro lugar, nossa própria consciência, que foi a responsável pela nossa obrigação de não cometer tais faltas.</p> <p align="justify"><strong>A Igreja e a vida</strong></p> <p align="justify">No papel de defensora dos direitos naturais, não seria outra a posição da Igreja senão optar pela vida. Por isso, o desdém de Kennedy Alencar, exposto no trecho "n<em>o direito canônico, o aborto é mais grave que o estupro</em>" é injustificável.</p> <p align="justify">Como todo ordenamento normativo, o Código de Direito Canônico tem por objetivo, primordialmente, o reconhecimento de direitos anteriores à sua promulgação, não a fixação de normas posteriores a serem obedecidas. E o reconhecimento da vida como valor sagrado e insuperável no mundo encontra amplo amparo nas escrituras, inclusive no decálogo (<em>"Não matarás</em>") e pelas palavras do Mestre (<em>"Amará o próximo como a ti mesmo</em>").</p> <p align="justify">A defesa da vida humana, em todas as suas formas, sobre todas as coisas é imperativo da atividade da Igreja e dos católicos, daí ser legítimo e justo afirmar que o estupro é um crime menor que o aborto, que o roubo ou o seqüestro também o são. Embora extremamente graves e repugnantes, nenhum deles é tão sério e traz tantas conseqüências para as vítimas e para a ordem social quanto um assassinato.</p> <p align="justify"><strong>O objetivo de Kennedy Alencar</strong></p> <p align="justify">Há algum tempo, Kennedy se daria por satisfeito. Mas com a percepção de que toda a mídia está com ele, não há o que temer, não há por que se esconder. Assim, sem qualquer pudor em disfarçar a real intenção de seu artigo, apenas uma singela desfaçatez no início do parágrafo:</p> <p align="justify">"<em>A briga é meio perdida, mas é preciso discutir a ampliação do direito ao aborto num país em que isso é questão de saúde pública. A mulher deve ter o direito de decisão. Legalizar mais amplamente o aborto, com limite até determinado tempo de gestação, não vai obrigar ninguém a tirar filho da barriga</em>".</p> <p align="justify">Pois é, Kennedy. Em mais um arroubo de sua lógica elementar, você nos ensina que a legalização do aborto não obriga a mãe a fazer tal agressão. mesma forma, a legalização do homicídio não obrigará assassinos a matar, tampouco a legalização do roubo nos imputará o dever de expropriar a propriedade alheia - como se já não soubéssemos.</p> <p align="justify"><strong>Notas Finais ou A Igreja e o tempo</strong></p> <p align="justify">Segundo o jornalista, "<em>Esse discurso serve a um conservadorismo anacrônico que afasta cada vez mais a Igreja Católica do cotidiano de seus seguidores</em>".</p> <p align="justify">Novamente, a grande autoridade eclesiástica e profundo conhecedor do cristianismo, da Igreja e da história tem grandes conselhos a dar a uma instituição bi-milenar. Kennedy Alencar sugere, então, que a Igreja católica deixe um pouco de lado seu cristianismo para voltar a agregar pessoas.</p> <p align="justify">Não é, para Kennedy, os fiéis que devem se ajustas às normas, princípios e valores da Igreja Católica Apostólica Romana, mas a própria Igreja deve abrir mão do que a faz Igreja para perpetuar-se no poder. Nada surpreendente, afinal, Kennedy somente transporta sua concepção pseudo-gramsciana da política para o campo religioso.</p> <p align="justify">A Igreja prevaleceu sobre o maior império construído pelo homem; a Igreja prevaleceu sobre as distâncias num mundo em que viagens intercontinentais tinham a dificuldade de viagens interplanetárias; a Igreja prevaleceu sobre as duas grandes guerras. Não será mais um período de crise moral que derrubará a Rocha de Cristo.</p> <p align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVRgMg-uLuImIM8WwuIslp6Q_nvo3Ar9D2mUXaAhlvVJZo1jXWYCGgovSYgQJ7X-_852ZH3gvZEEI_vNAhV3cEk4UdbR9S_fZppdLF1uAmlst1BAFdtXChNIDn4ZDsKrHg-56lZoq7Kig/s1600-h/535px-Coat_of_arms_of_the_Vatican_City.svg%5B6%5D.jpg"><img style="border-top-width: 0px; border-left-width: 0px; border-bottom-width: 0px; border-right-width: 0px" height="244" alt="535px-Coat_of_arms_of_the_Vatican_City.svg" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1levYJ3NkzxO59J47RCvTwQ_MW1VE2y0rahuSIVN5XOYpoFWZY_PF6pZ7BP0tNKl9oEPcaPoW64bJefB0cFgg8B58ErpY97ZdQbrqsVAtzP1LR4X7OIUEEft9lUTCYE634WqStbZswKs/?imgmax=800" width="218" border="0"></a> </p> <p align="justify"> </p> <p align="justify"> </p> <p align="justify"></p> Igorhttp://www.blogger.com/profile/13027619183706761932noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3456852316151905855.post-69118561618397954412009-03-05T19:28:00.001-08:002009-03-05T19:28:32.752-08:00Algumas considerações sobre o aborto<p align="justify">O tema acabou surgindo novamente na comunidade Liberalismo (verdadeiro) e gerou uma rápida, mas acalorada discussão.</p> <p align="justify">O tema é extenso, mas pretendo desenvolver tópicos rápidos para falar dos aspectos mais conhecidos e discutidos. Sinceramente e pessoalmente, é um tema que me aborrece um pouco: há um misto de má-vontade, preconceito e um progressismo irracional do outro lado. Não direi que não existem bons argumentos racionais para pôr em xeque a ilegalidade do aborto, mas dificilmente são encontrados. O que se tem, em regra, é uma birra, motivos passionais, pessoais e muita, mas muita desinformãção e presunção - esta, covardemente, sempre contra o feto.</p> <p align="justify"> </p> <p align="justify"><strong>O feto é uma vida humana?</strong></p> <p align="justify">É a questão fundamental e primeira do aborto. Só tem direito aquele que é vivo e se chega à certa e inegável conclusão de que o feto não é vivo, não se trata de discutir se o aborto é ético ou não, pois seu ato não constituiria uma violência contra a liberdade, propriedade ou vida de outrem.</p> <p align="justify">A resposta muito simples, muito humilde e muito sincera é: não há conclusão.</p> <p align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgP9nvIXDX7xa5X40Sqdo-fgfrESwVJnoNXfr2-N1rSAd27atfLFl29C3GWjgEPEFLIP1clYgLnY8RMdFYHYUuvLyzKuFJ_PmnN2LvVc4aJJguo019nJGiA7hlofs3nKCkkB3Qc-KUNbaQ/s1600-h/baby%5B3%5D.jpg"><img style="border-top-width: 0px; border-left-width: 0px; border-bottom-width: 0px; border-right-width: 0px" height="188" alt="baby" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIFVgFwEFn0yP45x1T8OTHUF5bo4AZ41q2seCaLSSD5m6551EW2vpEDrg1wXVTiQjG_9RJF6_EqYJrASiZLrilw0T4Eti8H5vxj8c36pHparq19474inXSoc0SCJEAeaWEp1Ry5SZzxpg/?imgmax=800" width="248" align="left" border="0"></a> Não há conclusão não por se tratar de um feto, mas por ser impossível afirmar, hoje, como caracterizamos uma vida humana. Critérios filosóficos e científicos podem ser sugeridos, mas nenhum sujeito com senso de responsabilidade e na busca da verdade seria arrogante o suficiente para afirmar, com toda certeza, o que é a vida humana. Um doente terminal possui tanta natureza humana quanto o sujeito saudável? Um paciente em estado vegetativo merece o direito à vida e à propriedade? Um sujeito disforme, deficiente mental e incapaz tem tanta dignidade quanto o resto de nós?</p> <p align="justify">É inquestionável a natureza humana do feto, desde a sua concepção, pois este possui uma carga genética compatível com os outros <em>homo sapiens. </em>Quanto à sua vida, por ser impossível atestar com segurança se existe ou não e se é humana ou não, devemos conceder-lhe o benefício da dúvida.</p> <p align="justify">Afinal, quem seria estúpido o suficiente para dar um tiro às cegas enquanto sabe que tem consideráveis chances de matar alguém?</p> <p align="justify"><strong>A mulher tem direito ao próprio corpo, ainda que esteja grávida?</strong></p> <p align="justify">Obviamente, a mulher jamais deixará de ser proprietária de seu corpo. Ela é livre para fazer dele o que quiser. A liberdade da grávida, entretanto, cessa quando todo e qualquer ato seu vá de encontro com a integridade do feto. O feto não faz parte do corpo da mulher, mas é, em sua estrutura essencial, como condição sem a qual não existiria (<em>conditio sine qua non</em>), um corpo dependente.</p> <p align="justify">Ser dependente é um atestado de não-humanidade? Não possuir autonomia significa não ter direitos? Obviamente não, pois sabemos que crianças até uma idade considerável não são autônomas; diversas deficiências físicas, biológicas e neurológicas também incapacitam plenamente um sujeito, donde não se infere que este não possui direitos, ou não é humano; idosos em número bastante considerável acabam por necessitar de cuidados e vigilância 24h, e isto não faz deles menos humanos ou menos dignos de direitos.</p> <p align="justify">Apelar para a dependência do feto em relação à mãe, como vimos, não significa negar sua humanidade e, logo, seus direitos.</p> <p align="justify"><strong>A mãe não deve ser obrigada a perpetuar uma situação que viole sua liberdade decidir. Ou pode?</strong></p> <p align="justify">Este é um dos apelos mais utilizados pelos pró-aborto. Sem dúvida, um apelo sentimental eficaz: imaginem como deve ser desgastante psicologicamente sustentar a gravidez e todos os seus efeitos biológicos indesejados (enjôos, vômitos, dores etc). Entretanto, não é um argumento válido para a defesa da justiça do aborto.</p> <p align="justify">Vejam que a mãe e o pai do feto praticam um ato volitivo, ou seja, livre e consciente, qual seja, transar. Como é largamente sabido - e possível de inferência, quando não se sabe claramente -, transar constitui uma ação de risco muitas vezes: você pode contrair uma doença, por exemplo, e você pode provocar uma gravidez. Seja por negligência dos pais ao não utilizar um método contraceptivo, seja pela pré-determinação de engravidar, ambos estão conscientes - ou têm oportunidade de inferir - os riscos, bônus e ônus de uma gravidez. E não será possível, ou justo, após a ocorrência da fecundação, argumentar que foi um acidente: ainda que seja um acidente, isso não livrará a responsabilidade dos mesmos sobre seus atos.</p> <p align="justify">Imagine o seguinte caso: um sujeito dirige por uma rua urbana, com presença de pedestres, a velocidade não considerada segura; apesar de realizar pequenas manobras para desviar dos transeuntes, o indivíduo não diminui a velocidade de seu carro e, fatalmente, acaba por colidir em uma senhora que atravessava a rua. Não será possível acusá-lo de desejar, planejar e executar a ação: houve um acidente, uma fatalidade. O indivíduo, porém, não poderá alegar estes fatos para justificar sua fuga do local ou a não-prestação de socorro. Ainda que não estivesse pré-determinado a realizar a conduta, o sujeito foi culpado do ato e isso o torna garantidor da vida do acidentado. Caso haja a morte ou lesões no atropelado, o motorista será obrigado a prestar-lhe a devida indenização ou até ser preso, na medida de sua culpa.</p> <p align="justify">Uma criança ou um feto não pediram para nascer, tampouco possuem algum tipo de culpa no ato. Eles simplesmente foram colocados na situação de risco pelos seus pais, pois é auto-evidente que um ser que não possui autonomia para sobreviver - ou, se possui, no sentido de comer e beber -, não possui discernimento da realidade é um risco iminente à sua própria saúde. E esta é uma característica natural, fundamental, essencial de uma criança ou um feto, não havendo, portanto, como negá-la ou imputar o ônus de sua natureza ao próprio. No instante em que esse sujeito é posto em tal situação de risco, automaticamente o(s) responsável(is) por esta situação torna(m)-se, seu(s) garantidor(res) e a eles será imposto o ônus de cessar (cuidar) ou garantir sua segurança (dar para adoção, v.g.).</p> <p align="justify">Obrigar uma mulher a manter sua gravidez (pois após o parto o bebê poderá ser doado) não difere de obrigar um sujeito a arcar com a responsabilidade de sua ação. É fundamental lembrar que não foi outro senão a mulher (e o homem) que se colocou em situação de risco e a gravidez nada mais é que um efeito colateral possível, previsível e evitável de sua ação. Na verdade, a violência se constitui quando transferimos a responsabilidade da mãe e do pai para o feto ou para a criança, que sequer possui consciência de sua existência, ainda.</p> <p align="justify"><strong>E a questão econômica?</strong></p> <p align="justify">Outro dos estandartes dos abortistas é apelar para a situação econômica de muitas mães. Sustentam que pôr uma criança no mundo seria prejudicial à família, já sacrificada, que teria de virar-se em duas para sustentar mais um indivíduo; ainda, seria um ônus para a sociedade, com o crescimento da pobreza; e, por fim, um martírio para a criança, que teria uma vida miserável, de privações, infeliz.</p> <p align="justify">Não bastasse a arrogante presunção de que estes sujeitos são capazes de determinar o que seria felicidade e quem tem direito a ela, é um argumento essencialmente estúpido: os abortos não são privilégio da população pobre, mas muito comum - mais do que se imagina - em famílias com posses. Apelar para um benefício coletivo do aborto é atitude igual à de todos os coletivistas, que jusitificavam mortes, prisões, seqüestros e toda sorte de violência pelo bem comum. É uma vergonha que liberais por vezes recorram a este expediente tão odioso por diversas vezes.</p> <p align="justify">Ainda, não tem qualquer validade universal: se assumimos que a miséria é inversamente proporcional à felicidade e uma razão suficiente para se aniquilar uma vida, seríamos obrigados a estender o raciocínio a toda população pobre. O sujeito que faz uso deste expediente deve, sem vergonha e sob pena de contradição, defender o extermínio dos mendigos, dos pobres, dos marginais, dos abandonados. Seria uma medida infalível contra pobreza, além de, segundo o raciocínio desses "progressistas", a receita para a felicidade geral da nação.</p> <p align="justify"><strong>Pessoas morrem pela ilegalidade do aborto? E a facilidade em praticá-lo?</strong></p> <p align="justify">Talvez este seja o argumento mais utilizado e, junto ao apelo econômico, o de menor valor no debate do aborto.</p> <p align="justify">É preciso deixar claro que pessoas não morrem pela ilegalidade do aborto: morrem pela escolha do aborto, afinal, a lei não as obriga a abortar. Seria o mesmo da família de um drogado reclamar de sua morte ao subir o morro para comprar drogas. A morte da abortista é causada pelo método utilizado, muitas vezes arriscado: e isso não muda devido à lei, mas à sua condição financeira de não poder patrocinar um aborto com remédios indicados ou numa dessas clínicas ilegais que atendem clientes de classe média ou alta.</p> <p align="justify">Quanto à facilidade e o número de abortos, novamente os que defendem esta tese deverão aceitar a legalização do homicídio, do roubo, do seqüestro e das agressões, afinal, ainda que sejam práticas proibidas, ninguém parece dar muita bola e é mais fácil conseguir um revólver para balear um desafeto que ter acesso a medicamentos abortivos.</p> <p align="justify">Enfim, a lei não pode ser um instrumento cultural, punindo ou livrando sujeitos segundo práticas sociais - ou seria perfeitamente legal o apedrejamento de adúlteras em determinada região. A lei deve estar, sobretudo, a serviço da justiça, que é universal.</p> <p align="justify"><strong>Como tratar os casos de estupro?</strong></p> <p align="justify">É o ponto mais delicado e de maior problema para os que, como eu, são pró-vida, contra a violência do aborto.</p> <p align="justify">O estupro é uma quebra da previsibilidade de uma relação sexual normal. Não é consentido, constituindo uma violência contra mulher, que, desarmada, não tem qualquer vontade ou responsabilidade pelo ato: ela, primeiramente, é posta em posição de risco.</p> <p align="justify">Este é o caso, admito, em que vejo como ética a retirada do feto por decisão da mãe. Explico.</p> <p align="justify">Ao passo em que, numa relação sexual normal que resulta em gravidez, há culpa ou ação pré-determinada dos sujeitos envolvidos, no estupro há somente a vontade e a ação do criminoso. O feto, da mesma forma, foi posto em uma situação de risco. Entretanto, não há a quem imputar a responsabilidade de sua existência. Sua mãe não foi culpada ou estava pré-determinada a gerá-lo e, logo, não pode ser obrigada a arcar com os custos (monetários e genéricos) de sua existência.</p> <p align="justify">Voltemos à questão do motorista: imaginemos que o sujeito, no caso, dirige de maneira responsável, numa velocidade segura e respeitando todas as normas gerais para não causar qualquer acidente. De repente, a senhora é lançada em frente a seu carro, e ele, sem poder de reação, acaba por atropelá-la. Não haverá, na situação ilustrada qualquer dever inerente ao motorista de socorrer ou indenizar a vítima, afinal, ele não deu causa à situação concretizada: não era previsível, sequer para o mais sábio e mais precavido dos homens evitar o acidente. Ajudar ou não a senhora que clama por sua vida é uma questão moral.</p> <p align="justify">E assim se faz o caso de estupros: não podemos obrigar a mulher a levar adiante uma gestação que lhe foi imposta, mas trata-se de uma situação que lhe foi imposta. Conceder a vida a um sujeito incapaz e também inocente será uma decisão moral da grávida, mas não ética.</p> <p align="justify"><strong>Conclusões</strong></p> <p align="justify">Parece-me claro que, analisados os argumentos pró-aborto de maneira um pouco aprofundada, nenhum deles consegue sobreviver ao encontro de normas racionais e éticas. Muitos, aliás, sequer chegam a esse ponto: perecem pelo próprio absurdo contido em si mesmas, como a questão econômica ou cultural.</p> <p align="justify">O que mais me surpreende é o fato da miséria a que é levado o homem quando se passa a enxergar o aborto como mais um meio para buscar a felicidade, o conforto, num mundo livre de responsabilidades. É extremamente angustiante observar que os mesmos sujeitos dispostos a sacramentar direitos de animais, árvores e toda sorte de animais e outras formas biológicas de vida possuem tanto desprezo pela vida humana, em prol de uma falsa liberdade.</p> <p align="justify">Como disse certa vez um jornalista, <em>estamos numa época em que não se garante aos bebês o mesmo direito e proteção concedido aos ovos de tartaruga e jacaré</em>.</p> <p align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDHFy1_N4dpjrfPtozAPNaYcwSdBenj4vBG-71JRltQQSoUsfZ5ff1D3i2XO0cwiMDE1kgkjywbuJgf_kFOOvlRrPO181jz0PuDdUwPhdqYbdukz2V7XobBaRjbhVpq6kHYZFMgdYe97c/s1600-h/Prolife%20Ribbon%5B6%5D.jpg"><img style="border-top-width: 0px; border-left-width: 0px; border-bottom-width: 0px; border-right-width: 0px" height="150" alt="Prolife Ribbon" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX5vc8gUbUIpjbgr2HQK04hBwJYOiuwkM69yPyz5F1LEVSXe-Zcy4XZmttw23yQNbT1SHSQItQjoCR89ZmLQWaSpm5GTsriVmmA0bFQP98R25jznyzbbWUlnwVOTpXcQ5TkCFwnuNtO-s/?imgmax=800" width="80" border="0"></a></p> <p align="justify"></p> Igorhttp://www.blogger.com/profile/13027619183706761932noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456852316151905855.post-79108319511048880052009-03-02T17:52:00.001-08:002009-03-02T17:52:39.985-08:00Limitações à Propriedade<p align="justify">Sem dúvidas, trata-se de um tema de inflamadas discussões: sobretudo entre socialistas, comunistas, intervencionistas, autoritários de todos os tipos e conservadores e liberais. Não só, também entre conservadores e liberais. E, como não poderia deixar de ser, também entre liberais e liberais.</p> <p align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinEK1SgTkIGLHCPnmTILMaLOK_NVWPj_7RRqNkGNDLKpo-BjhQLu5UspZqHMbx0i_pZCZyMFNfHjJzVtT2nij_lSI3h3dl9zJqxxlGfrOgnKmLLQA4LRMtj9LrY_7087d-YBq0zlPlhIA/s1600-h/maosatadas3.jpg"><img style="border-top-width: 0px; border-left-width: 0px; border-bottom-width: 0px; border-right-width: 0px" height="208" alt="maos-atadas" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDbKotETQafZrudAR-_ucNaoM4_JVDE7OJmu7PdEjrEFtcUOuYtMNVih2ewxVgv1hGJfw1-fvak-S14xxHk4CYzIC1_oliIGzeZis7ovpRQ-kDTtlzbFMJSKPuEC1q1yVdTAfuD7qqrRE/?imgmax=800" width="248" align="left" border="0"></a>Constitui o direito de propriedade um dos pilares da doutrina da liberdade. A todo homem é dado o direito de possuir o objeto contratado ou possuído originalmente, e ele, somente ele, tem a autoridade e a legitimidade de fazer uso de sua posse. Nos limites de seu domínio, o indivíduo é rei e a ninguém é facultado ou deve ser dada a liberdade de influenciar ou restringir o uso ou não-uso da propriedade.</p> <p align="justify">Em linhas gerais, praticamente toda legislação ocidental reconhece em suas constituições o direito à propriedade individual: varia, no entanto, a quantidade e a intensidade das exceções garantidas por lei a este direito.</p> <p align="justify">É de grande repercussão, por exemplo, a decisão do Tribunal Regional do Trabalho que impediu a demissão de milhares de funcionários da Embraer - uma empresa privada - e, idem, as diversas decisões de reintegração na posse: nada incomum, num país como o Brasil, que o proprietário seja obrigado a acionar a Justiça e o Poder de Polícia estatal para que lhe seja permitido adentrar sua casa.</p> <p align="justify">Na maioria das vezes descabida, a restrição da propriedade, de tão banalizada e utilizada de modo popularesco - vide as reformas agrária, e as desapropriações de "interesse público", ou, ainda, num aspecto mais econômico, as diversas restrições à liberdade de contrato entre empregador e empregados -, já costuma ser observada como normal pela maior parte da população. Aliás, parece-me que a percepção popular de justiça quanto à limitação ou destruição do direito de propriedade é diretamente proporcional aos zeros na conta bancária do indivíduo.</p> <p align="justify">Salário mínimo, teto de plano de saúde, desapropriação, normas de construção (em termos gerais) etc são flagrantes abusos ao direito de propriedade. E isso parece pacífico entre a maioria absoluta dos liberais. Somos quase unânimes ao descartar justificativas "sociais" ou "de interesse público" para a restrição do uso, fruição e disposição das posses.</p> <p align="justify">Eu disse "quase".</p> <p align="justify">Ainda que seja possível a concordância quanto à maioria das limitações, somos obrigados a admitir que em diversos casos, evidentemente, existe um uso de propriedade que acaba por colocar em risco um sem-número de indivíduos, constituindo, claramente, um caso de interesse público. Imagine-se, por exemplo, o caso de um sujeito que resolva, habitando um prédio domiciliar, guardar TNT em seu apartamento; ou, ainda, aquele que faz de seu hobby a criação de mosquitos da dengue; podemos citar também a absurda situação de um sujeito que comprasse as cercanias de uma fazenda e vedasse ao dono desta a travessia de suas terras, privando o indivíduo do acesso à estrada.</p> <p align="justify">Fugindo de exemplos abstratos, mencionamos também o caso de perturbação da ordem, caso em que um indivíduo pode resolver ligar o seu aparelho de som no volume máximo ao som de <em>Exaltassamba</em>. Ora, qualquer sujeito sensato deve concordar que obrigar outrem a agüentar tamanho mau-gosto já é um disparate, constituindo a propagação de uma porcaria dessas em vários decibéis um crime!</p> <p align="justify">É necessário conceder àqueles que argumentam pelo caráter absoluto da propriedade que não é possível traçar qualquer critério objetivo e infalível para a restrição à liberdade de uso das posses. Da mesma forma, não é possível descartar, <em>a priori</em>, tais restrições por estes motivos.</p> <p align="justify">A dificuldade em se chegar à verdade e ao justo de maneira alguma deve servir como pretexto para a defesa do absurdo.</p> Igorhttp://www.blogger.com/profile/13027619183706761932noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456852316151905855.post-37694776037757963652009-03-02T17:51:00.001-08:002009-03-02T17:51:48.272-08:00Direitos e Deveres<p align="justify">Há algum tempo venho querendo reativar o blog com alguma postagem despretensiosa. Como o próprio título já diz, todos os textos aqui escritos têm (sim!) o objetivo de tratar de pensamentos esparsos que me ocorrem no dia-a-dia, comentários corriqueiros sobre temas de grande repercussão.</p> <p align="justify">Qual não foi a minha supresa ao ver uma <a href="http://robertomoraes.blogspot.com/2009/02/direitos-globais.html" target="_blank">postagem</a> no <a href="http://robertomoraes.blogspot.com/" target="_blank">blog do Prof. Roberto Moraes</a> que toca no assunto do qual pretendia falar. É a transcrição de um artigo escrito pelo Senador Cristovam Buarque (PDT-DF). O senador Cristovam ficou conhecido nacionalmente por sua campanha presidencial de 2002: ao martelar no mito de que a educação é a chave para o paraíso na terra tupiniquim, acabou por conseguir alguns milhões de votos e garantiu o posto de ministro da educação por um ano no primeiro mandato do governo Lula. Não tão habilidoso com ações quanto é em encantar desavisados, falhou miseravelmente em todos os seus projetos; pior: de tão ruim o trabalho, não foi possível aos marketeiros do governo elaborar sequer um grande projeto nacional da educação, que salvasse o fiasco da administração - como ocorre em outras áreas do governo.</p> <p align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmpcsEHHGvt8NMukbRpJXlTwf9SEUoZjaBOgyN3diOL0Cy4hFfdTBGY3LoGnSseDsFvC9gM93K0oy1p-mINjlp3c12RONr9JCNvjRjvJG7UEMXMoAvJazz023bpzjQbZpB9ebvEUZVRUw/s1600-h/0,,14505061-EX,00%5B8%5D.jpg"><img style="border-top-width: 0px; border-left-width: 0px; border-bottom-width: 0px; border-right-width: 0px" height="211" alt="0,,14505061-EX,00" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsjNh1GumjJ138zT9w-0k449ONT-tPJ5bYno6NJ4ShJdQ3XsfWZhWpq-neDl-VnJQmh_5Y8UQMo2QXSCsCvN3vlbcTuvvfH7sfSaKxVExvJEQBUraHIuYaIuwzmxn_x-s61QzFyLP7ANw/?imgmax=800" width="164" align="left" border="0"></a>Não que a educação pífia da população brasileira seja algo a ser desprezado: não é. Ocorre que em um país onde a liberdade econômica é alvejada por todos os lados pelos órgãos estatais, a livre-iniciativa é marginalizada e censurada pela maioria dos políticos e o capitalismo odiado pela quase totalidade da <em>intelligentsia</em>, não haveria sentido falar-se em uma população extremamente capacitada. Afinal, trabalhariam onde? Nas empresas públicas? Nos órgãos federais, estaduais e municipais?</p> <p align="justify">Parece que, buscando maior alcance midiático, o senador resolveu elevar o tom. Não existe mais a necessidade nacional da educação: segundo o próprio senador, os que seguem são <em>direitos</em> <em>globais: </em>o <em>direito ao meio ambiente </em>(???); o <em>direito à migração </em>(talvez o único lapso de inteligência, feitas certas considerações); o <em>direito ao emprego </em>e o <em>direito à saúde</em>. </p> <p align="justify">Não me parece, sinceramente, que a vulgarização do termo <em>direito</em> ajude causas humanitárias: quanto mais direitos são criados por intelectuais, políticos e líderes de quaisquer espécie, mais enfraquecidos e enfadonhos tornam-se seus discursos, mais obsoletas mostram-se suas idéias e menos atenção é dispensada aos seus delírios. Para mim, ouvir alguém falando hoje em direito universal à educação é tão comovente quanto se dissessem que todos os macacos devem ter direito à bananas.</p> <p align="justify">Nos dias de hoje, qualquer situação ou fato que seja extremamente desejável, v.g., felicidade, satisfação pessoal, conforto etc, já é elevado automaticamente ao status de direito inalienável do indivíduo. Basta perceber que em todo e qualquer texto que almeje estabelecer essa verdade, bastam apenas algumas linhas de argumentação para que suas idéias tornem-se inquestionáveis e exigíveis.</p> <p align="justify">Existe, porém, uma grande barreira nesse mundo encantado de direitos e felicidades.</p> <p align="justify">Ao dizer que indivíduos têm direito à saúde, por exemplo, a única possível inferência é a de que outros <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAzs8JUngSe1XQLAXAks62s0Y7aQnMhyphenhyphenHcua5mby4qkPQTR9LYWEVtaza4FSpdzzIL_uQihDRpOIjU897JP9stmyy0gsP22Gkxnd5k3COVvI-hXChtbzEnNbRlifkzrCU98ppkATj5nCc/s1600-h/mst1%5B12%5D.jpg"><img style="border-top-width: 0px; border-left-width: 0px; border-bottom-width: 0px; border-right-width: 0px" height="224" alt="mst1" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY_2kMbrM4_XpNppYH8rX8_cF5rkLdEqC1JExRpQpx6R6LnxXxLNg83np4buZXqsJejCETO7pHhWs2oDMEjqxRYJtyljS1vH-yOp6-yc6IDHgNtFATQvNEKTu5p0kLl2dI5zRg-4aIxqs/?imgmax=800" width="204" align="right" border="0"></a>indivíduos devem cuidar para que não influenciem a saúde de outrem negativamente. Qualquer interpretação fora deste círculo significa dizer que outros indivíduos estão obrigados a manter uma pessoa saudável. Na prática, se seu vizinho está doente e não possui meios para cuidar-se, isso significa que você é obrigado, ainda que contra sua vontade e possibilidade, a mantê-lo vivo, mesmo que isso signifique sua ruína financeira. E não há pessoa sensata ou justa que ouse negar que negócios inteiro (por conseqüência, indivíduos e famílias) foram arruinados pelo peso dos impostos. Tal, ainda, é uma proposição <em>erga omnes</em> e o mesmo vale para a educação: é sua obrigação e dever cuidar para que todas as crianças - e adultos - estudem; é sua obrigação garantir que todos tenham emprego - o que significa pagar seus salários de bico calado e sem poder exigir nada. Os mais animadinhos diriam que também é seu dever garantir a felicidade e satisfação pessoal de cada indivíduo deste país - ou do mundo, para o Senador Cristovam Buarque.</p> <p align="justify">Há, queiram os demagogos ou não, uma dupla face - ou <em>antinomia</em>, nos saudosos dizeres de Mário Ferreira dos Santos - em todo <em>direito</em>. Para todo e qualquer <em>direito</em> existente, existe uma contrapartida, um <em>dever</em>, uma <em>obrigação</em> a ser cumprida. E, obviamente, se a alguém é devida uma prestação, a alguém é imposto o ônus de "pagá-la". O direito à vida, por exemplo, não significa exatamente o direito que todos têm de viver a qualquer custo, mas o dever a todos imputado de não violar a vida de outrem. Da mesma maneira, quando dizemos que existe o <em>direito à propriedade</em>, isso não significa que todos devem possuir alguma propriedade, mas que a ninguém é facultado modificar ou destruir as posses de outro indivíduo. </p> <p align="justify">Sem o cuidado de observar-se esse caráter extremo de um direito, sua face pesada, qual seja, o <em>dever</em>, muito se contribuiu para a difamação e banalização desse caractere fundamental à sociedade. Imaginar e gritar aos quatro ventos que a alguém é devida tal situação significa dizer que a alguém é imposta a obrigação de promover, concretizar tal situação.</p> <p align="justify">Sob o pretexto de transformar o mundo em um lugar ideal - a todo custo -, políticos e intelectuais atribuem à "sociedade", ou seja, os indivíduos que compõem tal grupo, a obrigação e dever moral de custear e promover seus anseios, não importando os próprios desígnios do sujeito. Ainda que não seja dada a devida atenção a este fato, <em>temos a aniquilação, total supressão do indivíduo em prol de um grupo eleito</em>. </p> <p align="justify">Deste terrível cenário nasce, aí sim, a obrigação de cada um de lutar contra tais abusos: <strong>o indivíduo não deve e não pode obrigar seus semelhantes a cumprirem seus desígnios, mas, tão-somente, ansiar sinceramente que todos os outros, livremente, o sigam</strong>.</p> <p align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSMPooz0X2OUyuD2fajsEqLBRIsK5yWrk-L3wbx0S-0HhicmsBOw1tx_D9sBxQfoPCVnFSU_xQMa0KLnChwR7mtH7vFLil-gXogEBAN1U-QobwyIGEYYbahxzckv4n17E4TGYu3_Cdcok/s1600-h/delacroix-liberty%5B10%5D.jpg"><img style="border-top-width: 0px; border-left-width: 0px; border-bottom-width: 0px; border-right-width: 0px" height="484" alt="delacroix-liberty" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqO6AdDGDJmC_jHYm0xnS4ANV7-RvyrCovJbFlU3f9iX2iheXXyPTHsfftFSL1iKn8nM4PJMLmRL9_rg8iVCzGpgP8GRC5Uk9X3LRDMX6yiySgTfbH4wKGqNGX4prlZZUQPoxtuaYCXQ0/?imgmax=800" width="609" border="0"></a></p> <p align="justify"></p> Igorhttp://www.blogger.com/profile/13027619183706761932noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456852316151905855.post-43087206158085912372008-11-16T10:29:00.001-08:002008-11-16T10:30:36.677-08:00A Verdade Sobre o Cristianismo<p>Terminei, na semana passada, a leitura do livro <strong><a href="http://www.thomasnelson.com.br/averdade/olivro.asp" target="_blank">A Verdade Sobre o Cristianismo</a></strong> – <em>What’s so Great About Christianity.</em> Trata-se de o primeiro livro em resposta aos recentes ataques ateístas, promovidos por personalidades como o biólogo Richard Dawkins, o “filósofo” Cristopher Hitchens e alguns outros físicos, a se tornar um best-seller.</p> <p><strong><strong><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjRgfg6zwZx_eXNHpXOhmHElEFhUJTqXweUXrRyd1nFZEFbMfZRCwWeWOxeYKhdTsztSym9mAqR_v7lPfERIH7tarxH79p_bzHEJqgnAmmPlCmXa9dWi_ZYdJ7KN1OzAGLGQYutJq82-k/s1600-h/Livro77gd%5B25%5D.jpg"><img title="Livro77gd" style="display: inline; margin-left: 0px; margin-right: 0px" height="240" alt="Livro77gd" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3h4d_zS6vg7B9iuIbTpMq0Ib1te67Byel979b_9h5JwjBao4-73_7dT0oZE1uGpPo5IDdfg6IpZTz4KAhRMOEiZqyv0pQL5Jx4iG_116GV5PMY5YbSuwft3kSm4e8EmX1FsH6wC0mqig/?imgmax=800" width="164" align="left" /></a></strong></strong>A obra é escrita pelo analista político <a href="http://www.dineshdsouza.com/more/about.html" target="_blank">Dinesh D’Souza</a>: católico, Dinesh nasceu na Índia,  mas se tornou cidadão americano após imigrar durante sua juventude; desde então, destacou-se como um dos analistas políticos declaradamente conservadores e autor de outros best-sellers como <em>A Letter to a Young Conservative</em> e <em>What’s So Great About America</em> – neste último, escreve a respeito das grandes virtudes culturais norte-americanas, que fizeram do país a grande potência do século XX e XXI, até o presente momento. Nos EUA, Dinesh ganhou de seus desafetos o apelido de <em>Distort D’Newza</em> – ou <em>[Eu] Distorço as Notícias</em> –, o que nos faz chegar à conclusão de que sua leitura atípica das manchetes, distante do lugar-comum do <em>mainstream</em> não é muito popular entre os principais articulistas ianques.</p> <p>Não há nada no livro, porém, que confirme o perjorativo apelido, seja em evidências apontadas pelo autor, seja por suas leituras dos fatos. Não há para Dinesh qualquer ponto obscuro na história do Cristianismo. Nem mesmo os acontecimentos históricos mais controversos envolvendo grupos cristãos(a Igreja, principalmente) são deixados de lado: Inquisição e Cruzadas são tratadas com a mesma desenvoltura e honestidade com que ele fala sobre a caridade e a moral cristãs. </p> <p>Uma a uma, todas as frágeis construções levantadas pelo raivoso grupo ateu são demolidas por Dinesh, através de uma escrita fácil e envolvente. Talvez pela falta de preparo intelectual dos adversários, a tarefa de Dinesh é facilitada, e, desta maneira, há tempo para algo mais.</p> <p><strong>A Verdade Sobre o Cristianismo</strong> não é apenas um livro obrigatório para aqueles que querem descobrir – ou passar a enxergar – como as mais recentes descobertas científicas respaldam a teoria da criação divina do cosmos, mas, também, para entender a atualidade dos ensinamentos de Jesus e como adotá-los como regras para a sua vida podem influenciar não só no seu cotidiano, mas em um mundo melhor. E se você pensa que Dinesh se contenta em apenas explicar, se surpreenderá ao perceber que o livro é quase um convite irresistível à conversão. </p> <p>Ao final da leitura, é impossível negar que os ensinamentos de Jesus Cristo não são apenas moralmente superiores, mas atemporais e inquestionáveis.</p> Igorhttp://www.blogger.com/profile/13027619183706761932noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456852316151905855.post-5892668349105578262008-11-06T17:38:00.001-08:002008-11-06T17:38:29.712-08:00Livre para Escolher<p>Não. Esta não é uma resenha crítica, sugestão ou menção do famosíssimo livro de <strong>Milton Friedman</strong>. Trata-se, mais uma vez, de um assunto levantado <a href="http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=14635715&tid=5264354183650058348" target="_blank">aqui</a>, pelo dono da <a href="http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=14635715" target="_blank">comunidade</a> e responsável pelo excelente <strong><a href="http://mises.org.br/" target="_blank">IMB – Instituto Mises Brasil</a></strong>, Hélio Beltrão.</p> <p>Em comentário ao <a href="http://tavista.blogspot.com/2008/11/um-novo-tipo-de-democracia.html" target="_blank">texto</a> escrito pelo Joel, do blog <a href="http://tavista.blogspot.com/" target="_blank">Tavista</a> (<em>recomendadíssimo</em>), Hélio sugere uma forma de governo em que os cidadãos escolheriam se adeririam aos serviços prestados pelo Estado. Por exemplo, aquele que optasse por pagar impostos, o faria sabendo que seu dinheiro seria utilizado para o custeio da saúde para os menos favorecidos, por exemplo. No caso, o Estado não passaria de uma organização comunitária, competindo em pé de igualdade com os outros grupos privados que ofereceriam o mesmo serviço. Não seria difícil para um liberal, portanto, imaginar quão rápido essa organização sucumbiria frente à eficácia de um serviço privado.</p> <p>A idéia do Hélio é interessantíssima e desmistificaria de uma vez por todas a história dos “bens públicos”, ou da primazia do interesse público sobre o interesse privado. As empresas prestariam mais, melhor e mais barato o mesmo serviço, assim como ocorre com um plano de saúde ou com um banco, por exemplo. Até longe, a proposta do Hélio é válida. Ora, se desejo que meu dinheiro seja investido em estradas asfaltadas para aqueles que não podem custeá-la, isso é válido; da mesma forma, não devo ser obrigado a custear a educação mal-dada de milhões de crianças país afora. Previdência privada, bancos, saneamento básico, iluminação pública, coleta de lixo, educação, segurança… Segurança?</p> <p>De fato, não há qualquer argumento racionalmente válido contra a contratação de seguranças e serviços de vigilância privados, claro. Mas todos hão de concordar que a atividade de mantenimento da ordem pressupõe a existência de alguma ordem e é aí que o raciocínio do Hélio falhará: a ordem, em essência, constitui mandamentos <em>aprioristicamente</em> éticos. Quando uma lei é cumprida(ou, anteriormente, posta em vigor), há a pressuposição de que esta é justa, exigível e universalmente aplicável – na verdade, esses são os pilares de qualquer sistema ético.</p> <p>O problema ocorre quando existe a possibilida de não se optar pela ética. Ora, eu posso muito bem me recusar a custear a iluminação pública de bairros pobres, mas não posso optar por não seguir um mandamento ético; não posso optar por não matar, não posso optar por não roubar, não posso optar por não agredir alguém. E é esse o risco que corremos ao permitir que sujeitos contratem empresas de segurança: há o enorme risco destas mesmas empresas de seguranças instituirem ou aderirem a ordenamentos pouco éticos ou até mesmo não-éticos. É o caso de empresas especializadas em proteger sujeitos que cometeram homicídios ou outras transgressões – a exemplo do que ocorre em escritórios de advogados especializados em defender criminosos.</p> <p>A argumentação de que um grupo como esses sucumbiria pelas forças do mercado não procede: uma empresa destas atenderia, por um alto custo e por alto lucro, uma pequena parcela de consumidores; como o conflito entre empresas de segurança seria prejudicial às duas envolvidas, haveria transações judiciais de maneira a encerrar amigavelmente o litígio. Mas, será que as medidas seriam duras o suficiente para punir o transgressor? Não, a meu ver, ou a empresa não serviria de nada ao seu cliente.</p> <p>Na verdade, esta fuga ao tema foi para comentar somente um aspecto dessa abertura de mercado. O aspecto mais perigoso está, de fato, na construção de diversos sistemas pretensamente éticos concorrendo entre si, como ocorre hoje nas diferentes legislações do mundo. Mas o que há de tão bom num sistema ético estatal, público?</p> <p>A resposta para essa pergunta serve, também, de resposta à proposta do Joel: somente foi possível haver avanços no estabelecimento e consolidação de normas justas porque a construção de um sistema ético está aberto a todo e qualquer cidadão de um país. Uma das maiores virtudes do regime democrático é possibilitar a cada cidadão fazer ou formular uma contribuição ao sistema a que é submetido e submete seus concidadãos – o que dificilmente ocorreria num sistema totalmente privado.</p> <p>As imensas deficiências existentes no ordenamento de países democráticos hoje não é um argumento válido à derrubada desse modelo: grupos gays, num ambiente de livre-mercado, provavelmente estariam submetidos a uma legislação em que fosse permitida a união legal indivíduos do mesmo sexo e tal direito seria protegido por alguma agência de segurança. Entretanto, no mesmo sentido, um grupo de <em>skinheads</em> poderia organizar ou contratar uma agência de segurança para que este tipo de direito não fosse permitido a outrem. Imaginemos que, não descambando o conflito para um enfrentamento armado, fosse chamado um juiz ou qualquer terceiro para resolver a situação. Ora, a que fundamento ético iria este sujeito apelar se admite-se a livre associação a qualquer sistema ético, uma ordem legal ao gosto do freguês? Como argumentaria esse terceiro para um <em>skinhead </em>que homossexuais devem ser livres para unir-se, afinal, se ao apelar a esse argumento o juiz presume um mandamento ético universalmente aplicável? Se admite-se a existência de pelo menos UM mandamento ético universalmente aplicável, pode haver outros. E, se há mandamentos éticos universalmente aplicáveis, por que deve ser facultado alguém optar por eles ou não? Analisado sob este prisma, fica insustentável, para mim, a argumentação de que uma ordem livre (em todos os sentidos) reflete o máximo da liberdade humana.</p> <p>Na verdade, a liberdade de escolher, ironicamente, passa essencialmente pelo cerceamento da opção de aderir ou não à verdade, à justiça.</p> Igorhttp://www.blogger.com/profile/13027619183706761932noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3456852316151905855.post-2549623908777740762008-10-07T17:45:00.001-07:002008-10-07T18:08:37.048-07:00Entre a Liberdade que Queremos e a Liberdade que Podemos<p>Para variar um pouco, o assunto começou <a href="http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=14635715" target="_blank">aqui</a>; mais precisamente, neste <a href="http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=14635715&tid=5253601076131810013&start=1" target="_blank">tópico</a>.</p> <p>Àqueles que têm preguiça de ler ou não possuem orkut - ahm??? -, resumo que é um tópico de ironia em relação às eleições e à democracia. Apesar de não ter replicado no referido tópico sobre o assunto, quero fazer um breve comentário a respeito do tema.</p> <p>É, de fato, inegável que as eleições democráticas foram responsáveis por diversas catástrofes políticas e econômicas na história mundial. Como exemplo recente, temos a ruína da economia e da ordem institucional venezuelana, após a eleição, via voto popular, do presidente Hugo Chávez. Não menos perigosa, é, pois, a tirania da maioria, como bem alertava John Stuart Mill, em <em><a href="http://www.esnips.com/doc/a4251713-4a8b-4d6c-bd52-5bf9d90eb706/John-Stuart-Mill---Sobre-a-Liberdade" target="_blank">Sobre a Liberdade</a></em>:<a href="http://lh6.ggpht.com/igorcesar/SOwIDXdUFXI/AAAAAAAAACA/YVhEdiZMxLI/s1600-h/Mill47.jpg"></a></a></p> <blockquote><a href="http://lh6.ggpht.com/igorcesar/SOwIDXdUFXI/AAAAAAAAACA/YVhEdiZMxLI/s1600-h/Mill47.jpg"><img height="139" alt="Mill4" src="http://lh6.ggpht.com/igorcesar/SOwCimJrGoI/AAAAAAAAABo/oLaLrzlEvPo/Mill4_thumb%5B7%5D.jpg?imgmax=800" width="115" align="right" /></a> <p>"Ademais, a vontade do povo significa praticamente a vontad<a href="http://lh6.ggpht.com/igorcesar/SOwIDXdUFXI/AAAAAAAAACA/YVhEdiZMxLI/s1600-h/Mill47.jpg"></a></a>e da mais numerosa e ativa <em>parte</em> do povo - a maioria, ou aqueles que logram êxito em se fazerem aceitar como a maioria. O povo, conseqüentemente, <em>pode</em> desejar oprimir uma parte de si mesmo, e precauções são tão necessárias contra isso quanto qualquer outro abuso de poder"</p> <p>John Stuart Mill - Sobre a Liberdade</p> </blockquote> <p>Em verdade, muitos poucos países possuem mecanismos eficazes no controle dos anseios da maioria e, naqueles em que os vemos, há, por vezes, surpresas por parte daqueles que estariam incumbidos da função supracitada: é o caso do atual pacote do governo americano, destinado a "salvar" a economia global. O que interessa, entretanto, é um ponto completamente diverso, antagônico: <strong>qual é a validade, ou quais são os ganhos do liberalismo ao opôr-se veementemente à or dem atual?</strong> Seria uma estratégia fadada ao fracasso?</p> <p>Historicamente, tanto os socialistas radicais quanto os liberais são facções políticas alheias ao processo democrático, com baixa influência junto à população e, logo, o que podemos considerar como "ruins de voto". Não é por menos que as facetas políticas mais comuns são as da <em>social-democracia</em> - um misto de liberal político, em posições morais, com intervencionista na área e econômica - e as do <em>conservadorismo</em> - um misto de intervencionista na economia com a adoção de posições reacionárias no campo moral e político. Um olhar mais apurado, entretanto, revela que a maioria esmagadora desses homens públicos não adotam esse posicionamento por convicção, mas por pragmatismo: muitos possuem um passado de militância socialista ou na direita radical. Abdicam deste posto em favor do sucesso de suas propostas, da implementação de seus modelos de gestão. Ocorre que a dose gradual dessas medidas acaba por moldar um regime, um país de acordo com a ideologia majoritária de seus políticos.</p> <p>Num fenômeno recente, uma esquerda mais radical, declaradamente anti-propriedade, anti-liberdade e nacionalista chegou ao poder conjuntamente. Dentre estes, regionalmente, cito Lula(mais <em>light</em>), Chávez, Daniel Ortega, Evo Morales e Rafael Correa. Apesar do posicionamento extremo, em diversos casos, dominam as instituições políticas e têm poder de império sobre a atividade econômica. Isso ocorreu p<a href="http://lh4.ggpht.com/igorcesar/SOwCkZReWUI/AAAAAAAAABw/Oon1w8glSYg/s1600-h/159409428_6759edf29b%5B7%5D.jpg"><img style="border-top-width: 0px; border-left-width: 0px; border-bottom-width: 0px; border-right-width: 0px" height="133" alt="159409428_6759edf29b" src="http://lh3.ggpht.com/igorcesar/SOwCkwXfIRI/AAAAAAAAAB0/1MfqmKhTarw/159409428_6759edf29b_thumb%5B5%5D.jpg?imgmax=800" width="204" align="left" border="0" /></a>or um motivo bem simples: eles aceitaram jogar de acordo com as regras. Alguns anos de baixa influência, completando etapas de um projeto culminaram na dominante ideologia progressista ou socialista na América Latina. Mérito daqueles que traçaram esta estratégia.</p> <p>Ao mesmo tempo, a presença das idéias liberais foram perdendo seu pouco espaço, restringindo-se a nichos de internet ou grupos apoiados por institutos estrangeiros. E isso não é só culpa da esquerda, ou do povo. Antes, a maior parcela de culpa é dos próprios liberais.</p> <p>Enquanto a esquerda comunista articula com a esquerda social-democrata, os liberais não conseguem se entender: parece que o nível de 75% de liberdade econômica não está bom, seria necessário 75,1%. Ou, às vezes, 75,1% não estaria bom: seria necessário 100%. No mesmo sentido, não vale uma aliança com conservadores para barrar uma proposta de reforma agrária, afinal, eles são contra a união homossexual e a legalização das drogas!</p> <p>Seria um paraíso se, de uma hora  para outra, a população acordasse para os benefícios da liberdade econômica e aderisse à ética dos direitos naturais, mas isso é tão provável quanto acertar na Mega-Sena três vezes com os mesmos números. Blogs, grupos universitários, portais de internet são ótimas ferramentas para a divulgação dos ideais de liberdade, mas nunca constituiram meios eficazes para a implantação de medidas liberais, para barrar devaneios totalitários dos governantes. Sem dúvida, a presença de liberais - sejam os moderados, sejam os radicais - em quaisquer das esferas de influência do poder, seja no setor privado - o que constitui empresas não-dependentes do Orçamento -, seja no setor público, nenhum deles será mais valioso que um legislador combativo, ou que um prefeito competente e de pulso.</p> <p>Um país com mais liberdade é possível, desde que não tratemos o uso de drogas como o direito à vida, desde que aceitemos a gradação em lugar de uma virada institucional. Em suma: os liberais somente conseguirão progresso quando estabelecerem prioridades e tratarem-nas como tais.</p> Igorhttp://www.blogger.com/profile/13027619183706761932noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456852316151905855.post-75503241525542825712008-09-17T14:48:00.001-07:002008-09-17T15:05:40.896-07:00Princípios - Conseqüências e Racionalidade<p>O problema de ser preguiçoso e ter um blog é que você morre de vontade de escrever mil coisas, mas deixa passar muitos bondes pela dificuldade de se concentrar em escrever.</p> <p>Um tema sobre o qual eu gostaria de ter escrito alguma coisa faz um bom tempo é a questão dos <strong>princípios</strong>. Durante algumas <a href="http://www.orkut.com.br/CommMsgs.aspx?cmm=14635715&tid=2599196639252968722&kw=princ%C3%ADpios+igor&na=1&nst=1" target="_blank">discussões no orkut</a>, tentei dar umas pinceladas no assunto, mas nada suficientemente detalhado.</p> <p>Em boa hora foi quando da leitura do <a href="http://oikomania.blogspot.com/2008/08/tica-e-mentiras.html" target="_blank">post</a> do <a href="http://www.blogger.com/profile/06380365717698098350" target="_blank">Thomas H. Kang</a> em seu blog a respeito da mesma questão, e a conseqüente <a href="http://depositode.blogspot.com/2008/08/princpios-mentiras-e-contexto.html" target="_blank">réplica</a> feita pelo <a href="http://www.blogger.com/profile/04018372630135033916" target="_blank">Richard Sylvestre</a>; apesar de um pouco atrasado em relação aos dois, pretendo também fazer meus comentários, mas tomo a licença de tentar resumir as posições.</p> <p><strong>Thomas</strong> é partidário da ética conseqüencialista, optando por relativizar certos princípios em determinadas situações em que sua aplicação traz um mal maior que a postura aprioristicamente tida como ética. O blogueiro apresenta um exemplo rápido, como a mentira em determinados casos.</p> <blockquote> <p>Posso até afirmar categoricamente que a mentira é sempre algo ruim. O problema é quando a conseqüência de não mentirmos é algo pior do que a própria mentira. Imaginemos a situação em que dizer a verdade resulta na morte de alguém. Embora mentir seja ruim, podemos considerar a morte de alguém muito pior (acho que isso é razoável). Quando a<em> escolha é entre o mal e o mal</em>, recorrer <em>somente</em> a princípios não nos leva a lugar algum.</p> Thomas H. Kang - <a href="http://oikomania.blogspot.com/2008/08/tica-e-mentiras.html" target="_blank">Ética e mentiras</a></blockquote> <p> </p> <p>Por outro lado, <strong>Richard</strong> é adepto de uma ética completamente apriorística e absoluta, o que significa que um princípio deve valer para todas as situações envolvendo qualquer pessoal:</p> <blockquote> <p>Se um princípio é verdadeiro para o homem, está de acordo com a sua natureza, a sua maneira de sobrevivência, então sempre onde tivermos homens envolvidos, ele também será verdadeiro.</p> <p>Richard Sylvestre - <a href="http://depositode.blogspot.com/2008/08/princpios-mentiras-e-contexto.html" target="_blank">Princípios, Mentiras e Contexto</a></p> </blockquote> <p>Acho que, por enquanto, é o suficiente para uma breve exposição da minha posição sobre o assunto.</p> <p align="center"> _______</p> <p>É inegável que uma ética absolutamente aplicável, no sentido de exigível em qualquer situação e envolvendo qualquer pessoa, parece-nos algo fora de realidade. É o velho caso de <em>João</em>, que, vendo <em>Carlos</em> prestes a ser assassinado por <em>Valter</em> no quintal de <em>Marcelo</em>, um vizinho extremamente rabugento que proibiu qualquer um de pisar em sua propriedade, titubeia entre ajudar - sem qualquer prejuízo à sua integridade ou de outrem - ou não o ameaçad. Temos que <em>João</em> não tem uma obrigação ética de ajudar B(apenas moral, normalmente), mas tem a obrigação de não invadir o quintal de <em>Marcelo</em>. O grande problema é que, racioalmente, estabelecer fórmulas apriorísticas funciona muito bem, mas, quando passamos à realidade, diversas situações imprevisíveis fazem a tão-falada fórmula parecer inadequada ou absurda. Num exercício breve de imaginação, convido o interlocutor a imaginar uma sociedade em que um sujeito, podendo fazê-lo sem qualquer prejuízo, deixa que outro morra injustamente pelo respeito a um imóvel. Não importa o tempo ou lugar, dificilmente assimilamos que uma conduta dessa seria tida como normal ou respeitável.</p> <p>Ainda no exemplo, temos um claro conflito de princípios, que podemos identificar no seguinte: um mandamento moral não pode ser superior a um mandamento ético. Por exemplo, o mandamento moral de ajudar pessoas não pode resultar num desrespeito à propriedade privada, por exemplo, promovendo uma reforma agrária que revogue a propriedade legítima de terra para assentar famílias agricultoras. Entretanto, me parece que a situação é completamente inversa quando jogamos na "fórmula" o caractere 'vida' e o caractere 'jardim', portanto, a situação anterior não é semelhante ao caso em que, o mandamento moral "preservar a vida de outrem" se confronta com o mandamento ético "não pisar na grama do vizinho".</p> <p>Não cumpre também assumir como válida a <a href="http://depositode.blogspot.com/2007/12/um-indivduo-pode-ser-sacrificado-em.html">argumentação</a> de que, se podemos revogar tal mandamento ético em favor de uma proposição moral, logo, poderemos revogar todos os mandamentos éticos em favor de mandamentos morais. É necessário observar que à mente humana não é possível trabalhar exclusivamente com proposições objetivas: as variáveis que compõem as "fórmulas" que guiam suas ações são indispensáveis.</p> <p align="center"> _______</p> <p>Nesse momento, acho oportuno destacar um trecho do texto do <strong>Richard</strong> não muito feliz, a meu ver.</p> <blockquote> <p>(...) um nazista “bate” a sua porta, depois de revistar a casa e não achar nada, faz a derradeira tentativa e pergunta para você se tem algum judeu escondido na casa. Você, um seguidor da ética “mentir é errado”, diz ao nazista: olha, eu sei que você vai matar todos eles e isso é condenável mas eu não posso mentir, sim, eu escondi cinco judeus no porão de casa. Mentir aqui teria conseqüências muito melhores na opinião de todo mundo (inclusive na minha). Mas isso significa que o principio “mentir é errado” está errado? Quem no fundo está mentindo?</p> <p>Toda ação do nazista é baseada em erro (ou mentira, se o sujeito não acredita nos “ideais nazistas”). Se você revelasse onde o judeu estava, a ação correspondente a isso seria errada, pois seria baseado em um erro (ou mentira). O que você faz ao mentir neste caso é restabelecer parcialmente (pelo menos naquele momento) um pouco da verdade. A mentira só trouxe boas conseqüências devido a isso, se evita que um ser humano seja tratado como o que ele não é, um inseto, uma praga (essa é a verdade restabelecida – um ser humano não é um inseto ou uma praga). Você, levando em conta todo o contexto envolvido, tratou um ser humano como um ser humano, não negou a realidade, sabendo que um ser humano é um ser humano você não agiu como se ele fosse um inseto, uma praga a ser exterminada, você não mentiu, agiu de acordo com a realidade.</p> <p>(...)</p> <p>Quem, no exemplo do nazista, negou a realidade e baseou todas as suas ações nessa negação? O nazista (se foi um erro ou uma mentira, dentro das definições que eu coloquei, depende da ciência do nazista sobre o erro). Se você corroborasse com a ação do nazista, sabendo que tudo aquilo estava errado (e você sabia), estaria mentindo. Você não fez isso. Você agiu com a verdade ao seu lado, com o “apoio da razão”, da realidade.</p> </blockquote> <p>Discordo da argumentação do <strong>Richard</strong> de que, ao negar ao nazista que não exista algum judeu na casa, o sujeito esteja escapando ao princípio (hipoteticamente absoluto nesse parágrafo) de "não mentir". Ora, não importa o que o nazista e o sujeito pensem sobre o assunto, 'mentir' e 'judeu' são dados objetivos: o primeiro, trata daquele que intencionalmente nega um dado da realidade; o segundo, é aquele que professa a fé judaica. Não aceito a tese de que, quando um nazista bateu à porta do sujeito, poderíamos substituir a pergunta feita pelo "existe algum lixo humano pronto a ser liquidado escondido aí?". Pensemos também que o indivíduo não tivesse uma completa noção da idéia que os nazistas fazem dos judeus. Seria o caso de replicar "depende do que o senhor entende por judeu". Na certa, o coitado seria fuzilado junto.</p> <p>De qualquer maneira, podemos utilizar um exemplo diferente para demonstrar que a validade da tese do <strong>Richard</strong> é, no mínimo, duvidosa: imagine que, um pai extremamente conservador, descobre, sem a ciência de sua filha, de que esta está gravida e sofre um infarto, falecendo; ocorre que a filha possui sérios problemas de depressão e um histórico grande de tentativas de suicídio - saber que seu pai morreu de 'desgosto' por sua culpa seria um potencialíssimo motivo para, enfm, dar cabo de sua vida; sabendo disso, ao ser inquirida pela filha sobre a causa da morte de seu pai, a mãe informa que sofreu um AVC enquanto dormia. Ora, a filha, quando perguntou, não tinha em sua mente nenhuma análise equivocada da realidade, tampouco sua mãe reestabeleceu algum tipo de ordem ou verdade com sua resposta. Em comum com a situação apresentada pelo blogueiro, somente o fato de que uma negou um dado da realidade intencionalmente e a outra agiu de maneira diferente por esta informação. É situação semelhante a declarar ao FISCO ganhos de R$ 5.000,00 enquanto seus ganhos reais foram de R$ 50.000,00, ou dizer a outrem que me chamo Cláudio, ao invés de Igor.</p> <p align="center">_______</p> <p>É de bom tom assumir que minha posição se assemelha ao do Thomas, embora eu acredite que uma ética exclusivamente conseqüencialista é extremamente perigosa, fixando um marco muito impreciso entre o que é absoluto e o que é relativo. Vejo, além disso, um subjetivismo tremendo em que seja uma conseqüência benéfica e uma conseqüência maléfica numa ação, trazendo variações históricas e conjunturais à ética. </p> <p>Ainda assim, não se trata de estabelecer em antagonismo uma ética de pretensa completa racionalidade. A própria razão, enquanto entendida como operação lógica não funciona sem outros aparatos, como os valores. Não há problemas em exigir que uma ética atenda à universalidade - no sentido de ser aplicável a todos os homens -, mas deve-se pensar numa ética que trate da generalidade, ou seja, de situações comuns, ordinárias. Princípios encerram em suas proposições imperativos gerais, <em>norteadores</em> da ação, mas não <em>definidores </em>da ação, simplesmente porque não é possível encontrar no mandamento "não matar" caracteres suficientes para guiar todas as situações possíveis em que seja aceitável e justificável matar alguém; da mesma forma, "não mentir" ou "não agredir" são apenas imperativos que tratam da maioria absoluta dos casos. Em situações-limite, em situações excepcionais, mentir e agredir, não somente são ações que trazem benefícios maior, mas são também necessárias.</p> <p>Reduzir o comportamento humano a leis fundamentais e mandamentos objetivos é contrário à própria tendência humana de resolver problemas, criar soluções, inovar; antagonicamente, atender a um arcabouço ético sem princípios, sem direção, em compasso com o momento não promove violência menor, destituindo do homem sua capacidade lógica. Em suma, a opção deliberada por apenas um dos dois modelos - ou a ética puramente racional, ou a ética puramente conseqüencialista - que não me parece ser o caso nem do <strong>Richard</strong>, nem do <strong>Thomas</strong>, é negar não só a possibilidade de uma ética aplicável, mas optar por negar os traços que fazem do homem, homem.</p> Igorhttp://www.blogger.com/profile/13027619183706761932noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3456852316151905855.post-59868551637706852822008-09-15T17:15:00.001-07:002008-09-15T17:15:21.954-07:00O Problema das Garantias<p>Uma das discussões mais acaloradas que rolam por <a href="http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=14635715" target="_blank">aqui</a> trata da possibilidade da não-existência de um Estado e dos motivos para que este desapareça e jamais seja montado de novo.</p> <p>Simplificando bastante - espero que não tanto a ponto de enfraquecer o argumento, que, pessoalmente, considero bom -, os <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Anarcho-capitalism" target="_blank">anarco</a>-<a href="http://www.lewrockwell.com/hoppe/hoppe5.html" target="_blank">capitalistas</a> sustentam que: </p> <p><a href="http://lh6.ggpht.com/igorcesar/SM76kUgORGI/AAAAAAAAABQ/V30jYT67z0c/s1600-h/rothbard%5B3%5D.jpg"><img height="169" alt="rothbard" src="http://lh5.ggpht.com/igorcesar/SM76lAJaxAI/AAAAAAAAABU/6sXEjL4_tS4/rothbard_thumb%5B1%5D.jpg?imgmax=800" width="104" align="left" border="0" /></a><strong>a) Da falta legitimidade do Estado:</strong> os princípios liberais podem ser  resumidos ao Princípio da Não-Agressão, ou seja, é injusto usar de ameaça física, coerção, para obrigar que uma pessoa aja ou se abstenha a fazer determinada coisa. O Estado, por estabelecer imperativos legais a todos os cidadãos - ainda que todos não estejam de acordo com a lei aplicada -, promove a coerção naturalmente, essencialmente.</p> <p><strong>b) Da ineficiência e natureza do Estado:</strong> essencialmente, o estado é mau, pois promove a violência, logo, ainda que haja beneficamente numa situação - punindo um assassino, por exemplo -, não perde sua característica maléfica. Além disso, o Estado tende ao crescimento, não se limitando a atuar somente como garantidor da justiça, tal qual sustenta a maioria dos liberais.</p> <p><strong>c) Da alternativa ao Estado:</strong> nem tudo está perdido. Segundo o credo anarco-capitalista, o mercado fornecerá o serviço de segurança e cuidará das legislações a serem aplicadas às regiões ou indivíduos. O mercado, sustentam, proveria com uma eficiência muito maior o que hoje é monopólio estatal, além de contrabalancear as forças, através da competição por clientes, não permitindo a formação de monopólios.</p> <p>Basicamente, é disso que os <a href="http://www.kopubco.com/nlauthor.html" target="_blank">anarco-capitalistas</a> falam quando uma discussão sobre a questão da segurança pública e das leis surge. Confesso que, por algum tempo, tais idéias me fascinaram e o rigor lógico empregado a algumas proposições é admirável - ainda que num sistema fechado, é verdade. Entretanto, por enquanto pretendo falar brevemente sobre o terceiro ponto, deixando para tratar dos outros dois assuntos em oportunidades posteriores.</p> <p> </p> <p>Uma abordagem muito comum no discurso ancap é apontar a estrutura essencialmente má do Estado. Uma das grandes deficiências dessa abordagem, na minha opinião, é retratar e tratar o Estado como um ente homogêneo, dotado de vontade, dotado de objetivos intrínsecos à sua condição de Estado. Na verdade, não é o que existe. </p> <p>O Estado nada mais é que uma agremiação de pessoas, de agentes, com estruturas formadas por pessoas, por indivíduos. É indispensável corrigir, também, que o Estado não possui uma vontade homogênea, sendo composto de uma série de subdivisões e poderes, que muitas vezes se contradizem (como no caso de uma anulação de lei inconstitucional, ou do não-cumprimento de uma decisão judicial, por exemplo); importante lembrar também que, como unidades dentro de um corpo, os territórios estatais competem entre si. A guerra fiscal, por exemplo, é uma excelente faceta da competição interna entre os agentes públicos. Portanto, parece certa forçação de barra, e, por vezes, desonestidade tratar como um ser independente uma estrutura sem vida, controlada por outrem.</p> <p>E aí está o gancho para o título desta postagem. O Estado é controlado por indivíduos, indivíduos que votam leis e moldam as organizações por meio da qual identificamos a ação estatal. Não cabe falar de uma essência ruim do Estado posto que, houvesse uma falha irremediável e atrelada à tal estrutura, a corrupção, v.g., não deveria apresentar <a href="http://lh6.ggpht.com/igorcesar/SM76lpd9CII/AAAAAAAAABY/XZrfqGJQLlQ/s1600-h/nozick%5B4%5D.jpg"><img height="175" alt="nozick" src="http://lh5.ggpht.com/igorcesar/SM76mAW6oPI/AAAAAAAAABc/m2LeGfG1kus/nozick_thumb%5B2%5D.jpg?imgmax=800" width="204" align="right" border="0" /></a>variações tão grotescas entre regiões diferentes; do mesmo modo, a violência da ação estatal deveria ser semelhante entre os quase duas centenas de países. Ainda neste sentido, não seria possível falar de um Estado essencialmente mau que se limitasse a  promover a punição de transgressões éticas e a manutenção da ordem, porque mandamentos éticos têm de ser universais.</p> <p>Não consigo, realmente, enxergar por que num país como o Brasil, com instituições em frangalhos e corrupção em todos os níveis dos poderes republicanos, um mercado que envolvesse o estabelecimento de leis e a aplicação coercitiva destas, deixando o mercado livre para a ação de bandos e milícias, seria mais virtuoso que um modeo em que, pelo menos, todos os "clientes" são potencialmente protegidos por garantias significativas.</p> <p>Acredito que instituições tem potencial infinito de serem aprimoradas, remodeladas, modernizadas. Mas que isso não pareça um apreço pela engenharia social! Tenho verdadeiro asco a qualquer projeto de sociedade, de progressismo chulo. Tendo a acreditar em indivíduos, não em modelos, não em grupos. E, sem dúvida, quanto maior a liberdade destes indivíduos, maior será a prosperidade de sua organização social. </p> <blockquote> <p>"Our main conclusions about the state are that a minimal state, limited to the narrow functions of protection against force, theft, fraud, enforcement of contracts, and so on, is justified; that any more extensive state will violate persons’ rights not to be forced to do certain things, and is unjustified; and that the minimal state is inspiring as well as right. Two noteworthy implications are that the state may not use its coercive apparatus for the purpose of getting some citizens to aid others, or in order to prohibit activities to people for their own good or protection."</p> <p><strong><a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Nozick" target="_blank">Robert Nozick</a></strong> - <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Anarchy,_State,_and_Utopia" target="_blank">Anarquismo, Estado e Utopia</a></p></blockquote> Igorhttp://www.blogger.com/profile/13027619183706761932noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3456852316151905855.post-33375621341132777262008-02-14T18:56:00.000-08:002008-02-14T18:57:15.484-08:00Lula e suas hienas<object height="355" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/kRiRKKO8HvU&rel=1"><param name="wmode" value="transparent"><embed src="http://www.youtube.com/v/kRiRKKO8HvU&rel=1" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" height="355" width="425"></embed></object>Igorhttp://www.blogger.com/profile/13027619183706761932noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3456852316151905855.post-28723994302289742592008-02-11T10:09:00.000-08:002008-02-11T10:45:42.356-08:00Luz e TrevasHá alguns dias pude observar a reação de um comunista quando confrontado com a verdade e a razão.<br /><br />A discussão começou com uma crítica à Cuba feita pelo sociólogo <a href="http://www.sergiodinizescreve.blogspot.com/">Sérgio Diniz</a>. Obviamente, tal ação é intepretada por certos canalhas como um crime inafiançável, imperdoável, injustificável e não tardou para que um deles resolvesse passar um sabão no professor com a famosa tática de equiparação de crimes não-iguais, largamente utilizada por diversos adeptos de doutrinas autoritárias.<br /><br />A discussão é a que se segue: começa com a tentativa de justificação do regime cubano, uma réplica, um longo debate e, no final, o chilique do lado perdedor - o comunista, claro.<br /><br />A transcrição é fiel, inclusive com os erros de grafia e concordância das duas partes.<br /><br /><br /><br /><br /><p style="color: rgb(153, 0, 0);"><strong>Xacal</strong> disse:</p> <p style="color: rgb(153, 0, 0);">Caro Professor,<br /><br />Não leve a mal o Vitor, talvez a sua representatividade tenha criado uma expectativa maior em relação a sua participação...Acredito nisso!<br /><br /> Quanto a Cuba professor, aprendi a alguns anos que sobre a ilha não há juízos fáceis...Nem tampouco sobre democracia...<br /><br />Senão vejamos: a maior democracia do planeta mantém lá na ilha uma aberração humanitária, uma prisão (Guantánamo)para pessoas que não foram acusadas formalmente, não tem assistência jurídica, etc, etc.<br /><br /> Se isso não é algo próximo ao campo de concentração, então me diga o que é?<br /><br />Está claro para todos que existe violação dos direitos humanos em Cuba, mas aonde não os há? Nos EUA, na Inglaterra (vide caso Jean Charles de Menezes) na França (da escória a que se referiu Sarkozy)...Quanto a falta de elições diretas em Cuba, tal qual as nossas, às vezes me pergunto: E as eleições em Campos dos G., são democráticas?<br /><br />Para não estender muito a conversa, lembremos que os EEUU mantêm um bloqueio desumano há mais de 40 anos, com a cumplicidade internacional...O que se esperar de Cuba, uma adesão ao "ideiais republicanos de George Washington e Thommas Jeferson"?<br /><br /><br />Um abraço...Xacal</p> <p> </p><br /><p> </p><br /><p style="color: rgb(51, 51, 153);"><strong>Igor</strong> disse:</p> <p style="color: rgb(51, 51, 153);">Xacal,<br /><br />sua defesa do totalitarismo socialista de Cuba foi tão ridícula, com exemplos tão pífios e uma argumentação tão tosca, que fica até difícil manter um bom nível de debate.<br /><br />Seu péssimo teatro de visão crítica e imparcial, que atira pedra nos dois lados é tática velha dos delinqüentes intelectuais brasileiros. Tenta transmitir ao interlocutor que nenhum dos sistemas - democracia e totalitarismo - são à prova de falha, logo, ambos se igualam - o que, por si só, seria um absurdo!<br /><br />Mas a mensagem verdadeira é a tentativa de justificar os milhares de crimes atribuídos ao socialismo cubano trocando-os casos isolados de democracias consolidadas. Sua aparente "crítica", é, na verdade, uma defesa descarada da crueldade física, psicológica e política levada à cabo pelo Comandante Fidel e sua corja.</p> <p style="color: rgb(51, 51, 153);"> </p><br /><p> </p><br /><p style="color: rgb(153, 0, 0);"><strong>Xacal</strong> disse:</p> <p style="color: rgb(153, 0, 0);">Caro Igor,<br /><br />Aceito provocações, e me alimento delas...A "velha" tática de desqualificar os argumntos alheios e não colocar nada em seu lugar é mais antiga do que a prática a qual me atribui...Vou explicar bem devagar, para ver se você entende:<br /><br /> 1-Não defendi os "crimes" do regime cubano, pelo menos não está escrito (falei que não há juízos fáceis, como o seu)<br /><br />Apenas não considero esses crimes mais, nem menos graves do que outros...Ou será que crimes "democráticos" são melhores do crimes "totalitários"?<br /><br />2-A polêmica entre democracia como valor universal e estratégico demonstra que para alguns a democracia não se resume a eleições, ou ainda "imprensa livre" (livre de censura, mas refém dos interesses dos patrões)...<br /><br />3-Enfim, sou um democrata e portanto também defendo o direito de cada povo se autodeterminar...Os EEUU, o mundo ocidental parece respeitar tal premissa quando interessa como na China, Paquistão e até o antigo aliado Iraque...Caro Igor, o mundo é muito mais que essa ingênua visão dicotômica: bem, mal, totalitário, democrático, etc, etc.<br /><br />4-Poderia me estender, mas sua argumentação não ofereceu outros pontos de controvérsia, nem ao menos se manteve fiel ao que escrevi...o que é indelicado, como todos os comentários agressivos, que não contribuem em nada...É um estilo, reconheço, quando tinha 14 anos achava o máximo!.</p><br /><p> </p><br /><p style="color: rgb(0, 0, 153);"><strong>Igor</strong> disse:</p> <p style="color: rgb(0, 0, 153);">é da natureza do debate desqualificar argumentos contrários. Agora, desqualificar argumentos tão pífios e delinqüentes, é obrigação de quem se julga no papel de lutar contra a violência institucional, organizada ou pontual. Agradeço sua paciência em tentar justificar aquele primeiro post, mas para mim, a mensagem foi clara. Deixo você à vontade para tentar desfazer o "mal-entendido" com outros leitores.<br /></p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"><br />1. De fato, não há um juízo fácil. Há o juízo correto e o resto. O fácil é se render ao apelo sentimentalista da Revolução e ao fascínio que os déspotas e facínoras que a levaram a cabo conseguem levar. O juízo correto é o juízo pela liberdade e pela democracia, que são pré-requisitos para que julguemos a natureza de um governo e sua agenda. Cuba não tem agenda. Cuba tem terror. Cuba não tem democracia, Cuba tem autocracia. Cuba não tem liberdade, é socialista. Ora, que juízo mais correto existe da história da ilha se não esse?<br /><br />Os crimes cometidos pelo governo legítimo de democracias capitalistas é, de longe, muito mais grave que os crimes cometidos pelo regime cubano, claro. De um regime socialista só se pode esperar diversas agressões aos indivíduos e, logo, ao coletivo. Ainda que a quantidade de crimes "cometidos" por democracia capitalista seja infinitamente inferior aos cometidos pelos regimes socialistas - que são, [i]mutatis mutandi[/i], crimes permanentes -, cada um deles abre uma nova ferida que, se não curada e tratada(de maneira que somente o regime democrático pode fazer), gragrenarão e, fatalmente, levarão à derrocada do regime democrático, como ocorre hoje na Venezuela, na Bolívia e na Rússia.<br /><br /><br />2. Primeiro, não existe 'valor' democracia. Existe o princípio da democracia. Valores são temporais, culturais, existenciais, empíricos. Encarar certos fenômenos ou fatos como valores justificam o assassinato em massa de pessoas, a tortura, o totalitarismo. A vida, a liberdade, a propriedade, a dignidade são princípios - assim como a democracia. E esta não é, realmente, só votar e ser votado e haver liberdade de imprensa - embora sejam características fundamentais do regime. Democracia também a representação de minorias, a possibilidade desligamento, o espaço para o contraditório e para manifestações não-violentas contra o [i]status quo[/i].</p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"> Sobre o seu comentário a respeito da parcialidade da imprensa, Hamilton e J. S. Mill enterraram a questão - cada um em uma frente - há séculos. Pensei que fosse um assunto pacificado para qualquer um que se pretendesse entendido nos assuntos de liberdade de imprensa.<br /><br /><br />3. O pacifismo é característica nobre e parceiro da liberdade, portanto, impor a democracia e o respeito aos direitos naturais pelo fio da espada nada mais é que a preciptação e o forçoso desenvolvimento de uma civilização, comunidade ou povo - só justificada quando atrocidades são cometidas, como no caso de regimes comunistas africanos, guerra civil etc. O "respeito" ocidental pela China, Paquistão e qualquer outro país "amigo" - temporalmente -, é pura hipocrisia e politicagem. São regimes tão agressores quanto o regime cubano.<br /><br />Autodeterminação dos povos, quando em regimes totalitários e anti-democráticos é a ditadura das armas ou da maioria, não é democracia. Um povo não pode votar ser subjugado ou pela perda da liberdade enquanto tais medidas afetarão até quem é contrário a esta idéia. A sociedade civil só existe e é legítima quando existe um pacto - tácito ou expresso - de todo indivíduo no território estatal. Não reconhecida a liberdade e a propriedade, qualquer indivíduo tem o direito de se insurgir e romper a ligação com sua pátria. O que existe Cuba, portanto, não é autodeterminação. É ditadura, é violência, é tirania.<br /><br /><br />4. Acho que é mal da idade... Aos 14, Fidel, sua ilha e sua ideologia também me pareciam o máximo!.</p> <p> </p><br /><br /><p style="color: rgb(153, 0, 0);"><strong>Xacal</strong> disse:</p> <p style="color: rgb(153, 0, 0);">Igor,<br /><br />Vou tentar pela última vez...mas ao que parece, no seu caso é uma questão de fé...Do tipo falcão israelense...não tem nada a ver com ciência:<br /><br />1-Princípio da Democracia, ora bolas, não pode ser burrice, deve ser má-fé...Dê uma olhada nos gregos e verá que o "princípio democrático atemporal" não resiste ao contexto hsitórico em que está inserido...Não sou marxista, mas essa qualquer calouro de História é capaz de enxergar...Esse argumento de atemporal serve muito as Igrejas, mas para a política, sociologia, história ou antropologia...tenha dó! Os valores de uma sociedade é que são a base de seu contrato social, pois "a princípio, todos os regimes se autodenominam portadores da vontade popular...<br /><br />Vou repetir...não concordo com as atrocidades cubanas, mas não vejo autoridade moral, nem ao menos uma referência, em nenhum país para condenar o regime cubano...O mundo que você pretende ainda tem que ser inventado...As maiores atrocidades da História foram cometidas por regimes sobre os quais havia um consenso de que eram democráticos (Hiroshima e Nagasaki, Massacre dos argelinos pela França, Independência da Índia, etc, etc, e nem vou falar nas intervenções "brancas" na América Latina)...Meu caro, democracia não é só princípio, é práxis, ou seja, a Constituição estadunidense é ótima, para eles...Quanto a gangrena nos países democráticos, o que dizer da Era Bush, você realmente acredita que as elições americanas tirarão o Império do impasse conservador em que meteu?Pois é o que digo, contra a fé não há montanha de argumentos que resista...Deus salve a América, A França do Sarkozy, A Alemanha de Helmut Khol e a Democracia Cristã, deus salve o mercado "livre", deus salve o Globo, a Veja, e todo o PIG...Mon ami, acho ótimo viver em um país onde podemos travar esse colóquio, mas não me iludo, quem dá a pauta do que pensamos, o que discutimos e até que vacina vamos tomar é que tem a grana, a liberdade de mandar em quem não tem...<br /><br />Juízo correto, meu amigo até a física já abandonou a divisão dicoTõmica, há séculos...Certo...errado, que luxo hein, quanta modéstia...<br /><br />Valores são empíricos...Meu amigo, a exceção da vontade, tudo é empírico, se voc~e considerar que suas compreensões só existem quando você dá conta do que é...Mas aí é Schopenhauer e Kant...Dê uma olhada, vai fazer bem aos seus tico e tecos, se eles suportarem...<br /><br />Meu rei, escolha uma lado, voc~e usa a fala dos princípios, mas utiliza a relatividade própria ao que alega ser dos valores...<br /><br />O uso da força para preservar o Estado, e o bem estar da maioria já foi descoberto há milênios...Seu problema com o tempo é sério...Claro, permitir o discenso, mas desde que não ameaçe os valores e princípios que garantam tal espaço...Ou a minoria para fazer valer seu poder pode corromper a democracia, em defesa dela...Qual democracia é válida a da minoria, a da maioria? Mas não é um princípio, onipresente, onisciente e atemporal?<br /><br />Enfim, sugiro a você mesmo afinco que tem em descobrir "os podres" dos socialistas , e estude um pouco mais sobre os fenômenos da acumulação capitalista, sob a égide "democrática"...<br /><br />A sua tese do todo a partir do indivíduo faz corar até Margareth Tatcher...Esse é o ovo da serpente, tal qual aquele terrorista americano, aquele das milícias brancas, tipo WASP, tipo nacional-socialista (opa, olha aí a propaganda direitista se apropriando de conceitos para vender sua imagem)...Voc~e fala tanto em democracia, e defende a insurreição, a cisão com " o pacto constituinte" para romper as regras que antes legitimava...<br /><br />O Estado, meu caro, é sempre o reflexo das forças hegemônicas que controlam os meios de "controle" (ideologia, educação, comunicação, meios coercitivos,jurídicos ou policiais, etc.)Serve tanto a Gramsci, como a Foucault...<br /><br />Enfim, faça o dever de casa, depois conversamos mais... pare de ler só as orelhas dos livros...seja honesto intelectualmente falando, é claro...</p><br /> <p style="color: rgb(153, 0, 0);">Só para desmascarar essa falsa contenda...Se meus argumentos são tão pobres, como denuncia, por que insiste em debater? Magistério...Magnanimidade...Ou tentativa de conversão? Seja lá o que for, não perca mais seu tempo...Eu sou caso perdido, meu caro paladino dos direitos individuais "uber alles" (sobre tudo e todos)Acho que garantias servem para proteger o indivíduo das arbitrariedades do Estado, e nunca o colocar acima do Estado...</p><br /><br /><p><br /></p> <p style="color: rgb(0, 0, 153);"><strong>Igor</strong> disse:</p> <p style="color: rgb(0, 0, 153);">Prezado Xacal,<br /><br />infelizmente não tive tempo antes do carnaval para redigir uma resposta satisfatória ao monte de bobagens ditas por você. Parece que, após reclamar da minha agressividade, quis retomar o campo em que os esquerdistas são craques: o da força, da imposição, da coerção.<br /><br />Além da delinqüência teórica de praxe, você resolveu atacar de relativizador da coisa. É um dos meu debates preferidos, uma das humilhações públicas pelas quais certos esquerdistas devem passar e aprender algo sobre a lógica, sobre o certo, sobre o justo.<br /><br />Ficou realmente difícil entender o que você disse em diversas partes do texto, mas fiz um esforço para compreender o que essa bagunça de pontuação, orações e frases quis dizer. Talvez eu não seja capaz de atingir nível tão elevado de estruturação semântica, por isso, de início, peço desculpas. Ressalto que não vou me render ao apelo canalha e sujo de fazer disso aqui um arena de troca de acusações e agressões - ou seja, não vou te dar a possibilidade de sair como vencedor desse confronto, afinal, é somente através da violência que um defensor do totalitarismo tem chance de ganhar um debate contra a democracia e a liberdade.<br /> </p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"><br /></p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"> <em>"mas ao que parece, no seu caso é uma questão de fé...Do tipo falcão israelense...não tem nada a ver com ciência"</em><br /><br />Pois é. Acertou em cheio. É fé no caminho certo, guiado pela razão. Quem gosta de idéias temporais, conceitos relativos e não-comprovados - ou pela lógica, ou pela experiência - é o outro lado, o seu, não o meu.<br /><br /><br /><br /> <em>"ê uma olhada nos gregos e verá que o "princípio democrático atemporal" não resiste ao contexto hsitórico em que está inserido"</em><br /><br />Ok. Então vamos imaginar o seguinte: ano de 2008; eu, brasileiro, maior de idade e plenamente capaz, posso votar e ser votado; tenho direito à livre manifestação de pensamento e religião; tenho o direito de me desligar do meu Estado de origem; tenho direito à propriedade.<br /><br />Outra situação: Juán, cubano, maior de idade, não pode ser votado e apenas vota nos candidatos permitidos pelo partido único; não tem direito à livre manifestação - forma alguma; não possui propriedade; não possui o direito de secessão; é escravo da burocracia que controla o Estado.<br /><br />Desse paralelo, segundo sua argumentação, ter ou não ter direito, ter ou não ter liberdade, é uma mera casualidade, um acidente geográfico. Pobre do "Juán" que não nasceu num território sob jurisdição de uma democracia capitalista, não é? Ou seja, você condiciona algo intrínseco ao ser humano ao acaso, à sorte, em última análise, ao arbítrio de outrem - no caso, do burocrata cubano que decidiu não ser os cubanos aptos a te direitos.<br /><br />Vamos melhorar o exemplo? Imagina a Alemanha nazista, em que os judeus não tinham sequer o direito à vida. Bem, segundo sua argumentação, isso é completamente plausível, afinal, o "valor democracia" é conseqüência da cultura e passado de um povo em certo território.<br /><br /><br /><br /> <em>".Esse argumento de atemporal serve muito as Igrejas"</em><br /><br />Na verdade, Xacal, a atemporalidade serve para justificar tudo que é verdadeiro e tudo que é justo, afinal, verdade e justiça não são conceitos suscetíveis à mudança. Logo, como congregações religiosas professam suas verdades, tem de ser, obrigatoriamente, atemporais.<br /><br /> Fora isso, a comparação não tem cabimento. Até pela natureza do que estamos discutindo...<br /><br /><br /><br /> <em>"mas para a política, sociologia, história ou antropologia...tenha dó!"</em><br /><br />Talvez para a política esquerdista, para a história esquerdista, para a sociologia esquerdista e para a antropologia esquerdista, todas responsáveis pelo fenômeno da relativização geral. Em qualquer lugar, em qualquer ramo da ciência, a verdade existe. Negá-la é querer andar sobre as águas, é querer segurar o ar, fazer o impossível. A própria negação da verdade é, queira ou não, uma verdade.<br /><br />Estamos discutindo, afinal, não sobre história, sociologia, antropologia. Estamos discutindo direitos. E é inegável que direitos fundamentais não podem ser arbitrados pelO coo acaso, pela liberalidade de um autocrata. Certos direitos pertencem ao homem e ninguém pode usurpá-los, como a vida, a liberdade, a propriedade e a dignidade. Mas você parece não enxergar isso, apesar de se declarar um "verdadeiro democrata".<br /><br /><br /><br /> <em>"Os valores de uma sociedade é que são a base de seu contrato social, pois "a princípio, todos os regimes se autodenominam portadores da vontade popular..."</em><br /><br /> Sobre o contrato social, é muito imporante ter em vista duas coisas acerca de sua legitimidade e legalidade:<br /><br />1. O contrato social precisa de consentimento tácito ou expresso. Ninguém pode ser obrigado a permanecer sob a jurisdição de um governo que não deseja ou não reconhece como legítimo, ou não seria um contrato social: seria uma obrigação social.<br /><br />2. O contrato social deve preservar a propriedade. Essa questão está pacificada há quase meio-milênio. Se no estado natural o indivíduo é portador da sua vida, da sua liberdade e dos bens obtidos através do trabalho, não seria lógico, tampouco ético, aceitar uma ordem legal que o impedisse de usufruir de tais direitos.<br /><br />Essas são as duas bases de um contrato social legítimo, e não os valores de uma sociedade. Até porque essa proprosição é outra afronta à lógica, já que, fossem os valores uniformes, viveríamos numa comunidade e não numa sociedade civil. A função do governo é justamente dirimir os conflitos gerados pela diversidades de valores e concepções, protegendo da agressão a propriedade do indivíduo de bem, sob sua jurisdição.<br /><br />Um exemplo claro e prático é a escravidão. Há alguns séculos, a liberdade era tida como um valor, e não um princípio. Alguns indivíduos, mediante certas características, a possuíam. Outros, não. Segundo sua proposição(<em>os valores são a base do contrato social</em>), um governo escravocrata seria perfeitamente possível e legítimo, o que é um contrasenso.<br /><br /><br /><br /> <em>"mas não vejo autoridade moral, nem ao menos uma referência, em nenhum país para condenar o regime cubano"</em><br /><br />E quem disse que estou querendo buscar países que sejam capazes de criticar o regime cubano - embora eles existam aos montes - ? Qualquer um pode condenar o que ocorre na ilha; estou falando de juízos pessoais, juízos coletivos, não de diplomacia. E é claro que você entendeu desde o início o que eu estava tentando dizer, mas continua nessa linha de "acima de tudo e todos", "o olho crítico", com a finalidade de exaltar e justificar o que ocorre na ilha.<br /><br />Veja como sua desonestidade é ridícula, Xacal: ao longo de todos os seus posts você dedicou diversas frases e trechos para descrever, repreender e ironizar as atrocidades cometidas por países de regimes democráticos, e não escreveu uma linha sequer sobre todos os crimes cometidos por regimes análogos ao cubano.<br /><br /><br /><br /> <em>"As maiores atrocidades da História foram cometidas por regimes sobre os quais havia um consenso de que eram democráticos(Hiroshima e Nagasaki, Massacre dos argelinos pela França, Independência da Índia, etc, etc, e nem vou falar nas intervenções "brancas" na América Latina)"</em><br /><br />E ainda tem a cara de pau de falar como se tivesse alguma autoridade e grande conhecimento na área histórica... Não sei o seu critério para definir o que é uma 'grande atrocidade', mas acredito ser o número de mortos.<br /><br /> Façamos uma rápida comparação:<br /><br /> - Hiroshima e Nagasaki: governo democrático dos EUA, 250+ mil mortos, durante uma guerra.<br /><br /> - Great Leap Forward: governo socialista e totalitário da China, 10+ milhões de mortos, não havia guerra.<br /><br /></p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"><br /></p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"> - Massacre de Sétif: governo democrático da França, 45+ mil mortos segundo o lado afetado, 1 mês de duração.<br /><br /> - A Grande Fome: governo stalinista da URSS, 10 milhões de mortos, um ano de duração(833 mil por mês).<br /><br /><br />Acho que você pode falar de todas as intervenções coloridas na AL e nem assim chegaremos a um saldo parecido com o que foi feito por regimes socialistas ao redor do mundo. E, sabe, Xacal, é extremamente angustiante transformar isso numa competição de ''que lado'' matou mais, como se fossem mortes diferentes, como se, como você pretende, cada vida tivesse um peso maior ou uma conseqüência diferente.<br /><br />Infelizmente, entretanto, tive que usar desse expediente pouco moral, para, mais uma vez, derrubar suas mentiras e ignorância.<br /><br /><br /><br /> <em>"Meu caro, democracia não é só princípio, é práxis, ou seja, a Constituição estadunidense é ótima, para eles"</em><br /><br />Novamente, essa triste argumentação pró-relatividade. O que você propõe, Xacal, é o seguinte: o direito à vida, à liberdade e à dignidade valem nos EUA por mera liberalidade dos legisladores. Logo, quem tem a sorte de nascer em território ianque, é agraciado com a garantia de diversos direitos naturais. Um cidadão norte-coreano, infelizmente, não possui essa série de "bônus", já que a "práxis" democrática não deu certo no país.<br /><br />Você despreza a vida como valor absoluto. Você despreza a liberdade como um bem intrínseco ao homem. Você faz a defesa da arbitrariedade e da violência, faz a defesa de tudo de mais perverso já posto em prática pelo homem, embasado por uma pífia argumentação relativizadora.<br /><br />Suas proposições são uma excelente justificativa para ditaduras sanguinárias. Seria possível argumentar, por exemplo, que, como a ''práxis'' democrática não deu certo no Quênia, melhor que sejam todos os quenianos subjugados pela força a fim da pacificação social. Você tenta expor falhas na democracia como problemas pontuais causados por determinados fatores imutáveis.<br /></p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"><br /><br /> <em>"você realmente acredita que as elições americanas tirarão o Império do impasse conservador em que meteu?"</em><br /><br />Claro que acredito! E cegamente. Não seria um "verdadeiro democrata" se não o fizesse. Aliás, você é o primeiro "verdadeiro democrata" a duvidar da eficácia da democracia, Xacal. A minha opção pela democracia e liberdade não é por pragmatismo: é pela virtude contida em cada uma dessas duas coisas; é pela justiça que compõe cada<br /><br />Mas gostaria de perguntar-lhe: se não é a democracia o único instrumento para resolver o "impasse conservador", qual é a solução? Uma deposição do presidente pelas armas?? A criação de uma guerrilha democrata que fomentasse diversos grupos ao redor do país e culminasse numa revolução??<br /><br /><br /><br /> <em>"acho ótimo viver em um país onde podemos travar esse colóquio, mas não me iludo, quem dá a pauta do que pensamos, o que discutimos e até que vacina vamos tomar é que tem a grana"</em><br /><br />Você deve ser um pouco egoísta, não, Xacal? Acha ótimo que vivamos num país livre, mas não permite que um cubano tenha o mesmo privilégio.<br /><br />Imagino que muias pessoas "tem a grana" hoje, já que eu e você, apesar de vivermos no mesmo ambiente, pensamos em sentido completamente oposto.<br /><br /><br /><br /> <em>"a liberdade de mandar em quem não tem"</em><br /><br />Apesar de se dizer não-marxista, Xacal, você aproveitou bastante da baboseira do alemão, como a "práxis" e a teoria da exploração. Esta última, tão ridícula, que o próprio Karl Marx tentou corrigir no último volume de sua obra mais conhecida - O Capital.<br /><br /><br /><br /> <em>"Juízo correto, meu amigo até a física já abandonou a divisão dicoTõmica, há séculos...Certo...errado, que luxo hein, quanta modéstia..."</em><br /><br />Buscar a verdade e afirmá-la não é fato do qual devemos nos envergonhar. É próprio de quem luta por instituições mais justas, mais transparentes, mais livres. Agora, professar a baboseira de que não existem o correto e, a cada momento, o papel de bonzinho e vilão se alternam - ou pior: que todos são iguais e conseqüência de acasos históricos, isso tudo é próprio da canalhice. Os canalhas fazem o papel de advogado do diabo muito bem, vivem de achar justificativas para os crimes e as trangressões cometidas por seus pares.<br /><br />Em verdade, a busca do correto é incessante; é atividade perpétua; é atividade combativa. Nenhum que pretenda-se defensor do justo pode afirmar tê-lo alcançado: pode apenas vangloriar-se de ter destruído e afastado a violência, a mentira.<br /><br />Afirmar que não existe um conjunto de princípios fundamentais que sirvam de prova aos atos humanos é justificar tanto uma ajuda humanitária quanto o exetermínio dos judeus. Aliás, Xacal, lanço-te tal desafio. Responda-me se uma ajuda de alimentos é um ato bom e se o extermínio de judeus é ruim, fundamentando suas futuras assertivas. Vejamos quão bom você é na arte do malabarismo intelectual.<br /> </p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"><br /><br /> <em>"Valores são empíricos...Meu amigo, a exceção da vontade, tudo é empírico, se voc~e considerar que suas compreensões só existem quando você dá conta do que é."</em><br /><br />Claro que valores são empíricos, conjunturais, temporais. Justamente por isso não podemos achar o que é bom ou ruim, definitivamente, apenas baseados em valores. Justamente por isso julgamentos que envolvem a vida, a liberdade e todos os elementos essenciais e intrínsecos ao homem não podem ser analisados sob o prisma de conceitos mutáveis e, por diversas vezes, errados, sob pena de cometer a maior das injustiças e banalizarmos o mal.<br /><br />Veja que interessante: no Brasil escravocrata, a vida e a liberdade de um escravo eram tidos como menos valiosos que a vida e a liberdade dos brancos. Hoje, claro, sabemos que isso é completamente errado. Mas para chegar a esse juízo, nada do que você acredita ajuda: você passou toda a discussão fazendo dissertações historicistas, ou seja, julgando o certo e o errado pelo momento histórico no qual passaram os fatos. Entretanto, o historicismo só faria fortalecer a crença de que os escravos eram menos humanos que os brancos. Para fugir desse labirinto, você deve admitir que o valor que damos à vida hoje, é o correto e atemporal. A vida, para a civilização ocidental, em sua maioria, hoje, é um princípio, não é um valor. Não é mais possível analisar e julgar ações - em qualquer campo - sem colocar a vida como fundamental, como base, como alicerce, para, a partir daí, lançar-mo-nos nas circunstâncias que cercam o caso prático ou teórico.<br /><br />Não fossem as implicações lógicas das suas mentiras, a própria ciência caminha no sentido de provar que certos valores são absolutos(princípios) e naturais, como o evolucionista Marc Hauser propõe e demonstra em seu livro "Moral Minds".<br /><br /><br /><br /> <em>"Mas aí é Schopenhauer e Kant...Dê uma olhada, vai fazer bem aos seus tico e tecos, se eles suportarem"</em><br /><br />Os seus entenderam tão bem que classificaram Kant como "empirista", enquanto, na verdade, Kant é um idealista, ou seja, rejeita idéia da ''tábula rasa'' proposta pelos escolásticos há séculos atrás.<br /><br />Agora eu sei porque você fala tanta asneiras... Não é problema de desonestidade. É burrice mesmo: lê e não entende, é analfabeto funcional.<br /><br /> </p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"><br /> <em>"Meu rei, escolha uma lado, voc~e usa a fala dos princípios, mas utiliza a relatividade própria ao que alega ser dos valores..."</em><br /><br /> Exponha em que trecho fui relativista.<br /></p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"><br /><br /> <em>"O uso da força para preservar o Estado, e o bem estar da maioria já foi descoberto há milênios...Seu problema com o tempo é sério"</em><br /><br /> Posto que o Estado social possui menos de três séculos de construção, percebe-se quem tem problemas sérios com o tempo.<br /><br />E, novamente, definições completamente subjetivas como "bem estar" da maioria e a permissão do uso da força plo Estado com o objetivo de perquirir tão "nobre" objetivo causaram centenas de milhões de mortes. O Estado não tem legitimidade alguma para preservar o bem-estar pelas armas, somente por políticas institucionais legalmente previstas.<br /><br />Imagine que situação ridícula se, com objetivo de arrecadar fundos para o SUS, o governo invadisse caixas de banco e recolhesse dinheiro pela imposição da força. O único uso legítimo da força pelo Estado é fazer valer leis que preservem a liberdade e a propriedade de outros ou em caso de guerra. Além do mais, "minoria" representa qualquer fração inferior à metade mais um, ou seja, tivesse o presidente Lula sido elegido por 51% dos votos, seria justo que o Estado brasileiro agisse coercitivamente para garantir o "bem-estar" da maioria da população? Seria justo que dezenas de milhões de outros cidadãos fossem subjugados em prol dos interesses da maioria?<br /><br />Essa história de Estado habilitado a usar armas para garantir os interesses da maior parte da população só serve para exterminar a oposição e fazer da violência uma política institucional.<br /> </p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"><br />O Führer também buscava o bem estar da maioria do povo alemão, os arianos, através das armas. O saldo disso tudo? 46 milhões de mortes.<br /><br /> Stálin também buscava o "bem estar da maioria" do povo soviético através das armas. O saldo? 20 milhões de mortes.<br /><br /> Da mesma maneira, Mao Tsé-Tung buscava o "bem estar da maioria" dos chineses. O saldo? 40 milhões de mortes.<br /><br /><br /> Além do tempo, seu grande problema é com a vida dos outros. Você não suporta que eles também possam viver, ter, usufruir.<br /><br /><br /><br /> <em>"Ou a minoria para fazer valer seu poder pode corromper a democracia, em defesa dela"</em><br /><br />Não adianta tentar fazer parecer que eu disse algo do tipo. Eu afirmei que a minoria deve ser representada, defendida - não que ela detenha qualquer poder de usar a violência por ser minoria.<br /><br />Observe atentamente o que eu escrevi, Xacal, para que eu não seja obrigado a afirmar que você quer colocar palavras em minha boca: <em>"Democracia também a representação de minorias, a possibilidade desligamento, o espaço para o contraditório e para manifestações não-violentas contra o status quo."</em><br /><br /> Ora, se isso acontecesse, não seria democracia. Seria oligarquia.<br /><br /><br /><br /><br /> <em>"Qual democracia é válida a da minoria, a da maioria? Mas não é um princípio, onipresente, onisciente e atemporal?"</em><br /><br />Pelo visto o que te resta é partir para o escárnio e para o deboche. No campo das idéias não existe uma proposição sua que sobreviva à análises racionais.<br /><br />Não, Xacal, sua equiparação da democracia a uma entidade divina não se justifica. Democracia não é Deus, se fosse, seria perfeita. Mas não é. É cheia de falhas, de buracos, de feridas: é um instrumento valiosíssimo nas mãos de autocratas insanos, como Chávez, Morales, Hitler e todos os outros que utilizam das ferramentas democráticas em favor da liberdade para destrurir o regime que os elegeu. É aquele velho clichê: a Democracia é o pior dos regimes, excetuando-se todos os outro.<br /><br />Mas esse clichê, de fato, ilustra o que pensam os democratas resignados, aqueles que tem de se contentar com a democracia por ser, hoje, o único regime aceitado por uma população bem instruída. Aceitam mesmo o pragamatismo da coisa, não possuem a virtude democrática dos grandes pensadores e políticos.<br /><br />Voltando ao que está acima, não existe a "democracia da maioria" ou a "democracia da minoria": democracia é uma coisa só, é una e indivisível(aí sim podemos fazer uma analogia sacra). A verdadeira democracia reflete a vontade da maioria somada ao respeito e à representação das minorias.<br /><br /><br /><br /> <em>"sugiro a você mesmo afinco que tem em descobrir "os podres" dos socialistas , e estude um pouco mais sobre os fenômenos da acumulação capitalista, sob a égide "democrática"..."</em><br /><br />Xacal, quem pretende justificar e perdoar crimes de uma ideologia por equiparação é você, não eu. Repudio mais ainda os crimes das democracias capitalistas que os crimes socialistas, conforme já disse no tópico. Agora, só não tente me empapuçar com a lambança teórica que é a teoria da exploração capitalista proposta por Marx, Rodbertus e inspirada nos clássicos, porque isso tá por baixo há mais de um século - aliás, a tradição escolástica nunca se rendeu aos apelos da mais-valia.<br /> </p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"><br /></p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"> <em>"A sua tese do todo a partir do indivíduo faz corar até Margareth Tatcher"</em><br /><br />É questão de anterioridade, caro. Antes do Estado, da sociedade, da família, quem é o primeiro? O indivíduo, claro. Então, é tudo a partir dele, mas não tudo somente para ele.</p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"><br /></p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"> <em>"tipo nacional-socialista (opa, olha aí a propaganda direitista se apropriando de conceitos para vender sua imagem)"</em><br /><br /> http://igorcesar.wordpress.com/2007/04/25/por-que-hitler-nao-era-de-direita/<br /><br /> http://igorcesar.wordpress.com/2007/04/25/por-que-hitler-era-de-esquerda/<br /><br /><br /><br /> <em>"Voc~e fala tanto em democracia, e defende a insurreição, a cisão com " o pacto constituinte" para romper as regras que antes legitimava..."</em><br /><br /> Que desonestidade latente, Deus me livre!<br /><br />Pode apontar em qual parte do meu discurso defendi a insurreição? Defendi e sempre defenderei o direito de desligamento do Estado. Se eu não quero morar em território brasileiro, quem pode me obrigar a tanto? E com que direito? Baseado em que princípio? O Estado brasileiro é dono do meu corpo e da minha vontade, agora? Bem, se ele pode me obrigar com armas a permanecer num lugar que não desejo, por que diabos respeitaria qualquer outra liberdade minha? Além do mais, o desligamento - se foi iniciado, e não uma reação à uma infração cometida anteriormente por este mesmo indivíduo - não quebra legitimidade alguma do contrato social, senão a que liga o indivíduo ao governo constituído.<br /><br />Mas serei benevolente: talvez as amebas que habitam sua confusa cabeça não tenham entendido direito. Serei mais claro: não defendo a resistência violência ou a insurreição do indivíduo no território estatal; defendo o direito dele querer sair do território sob jurisdição e fixar residência em outro ou até no meio do mar, se ninguém se importar. Curiosamente, quais são os países que negam isso: Cuba, Coréia do Norte, China e outras ditaduras totalitárias. Engraçado como suas posições estão sempre coladinhas nos regimes violentos, não, Xacal? Será o benedito?</p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"> <br /><br /> <em>"O Estado, meu caro, é sempre o reflexo das forças hegemônicas que controlam os meios de "controle"</em><br /><br />Forças hegêmonicas... Sua cabecinha só sabe vomitar a baboseira utilizada pela esquerda há séculos atrás. Uma ótima resposta para as "forças hegêmonicas" escrita há mais de dois séculos atrás: http://www.constitution.org/fed/federa10.htm ou "The Utility of the Union as a Safeguard Against Domestic Faction and Insurrection", dO Federalista - neste texto, por James Madison(e não Hamilton como eu havia dito anteriormente).<br /></p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"><br /><br /> <em>"Serve tanto a Gramsci, como a Foucault..."</em><br /><br /> Com essas influências, não me causa espanto ler tanta baboseira.<br /></p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"><br /><br /> Lamento não poder detalhar mais as respostas, mas acho que está tudo satisfatoriamente respondido e "desmascarado".<br /><br /><br />E, não, não é magistério isso que faço: entenda como caridade aos pobres de alma e aos pobres de conhecimento. Se vier com mais bobagens e cascatas, estarei aqui de novo para replicar ad infinitum. Minha outra face estará sempre à disposição dos que insistem em agredir o indivíduo: seja agressão à vida, à liberdade, à propriedade, à dignidade ou a todas elas ao mesmo tempo, como é o seu caso.</p><br /><br /><p> </p><br /><p style="color: rgb(153, 0, 0);"><strong>Xacal</strong> disse:</p> <p style="color: rgb(153, 0, 0);">Deus salve a tradição, a família e a proriedade...<br /><br />Posso resumir toda sua cantilena num ponto...propriedade como direito natural...Ora, bolas...E os desapropriados de tudo, como os indianos da casta inferior (me esqueci o nome), e o lumpesinato da sociedade? Aí teríamos que fazer uma revolução para socializar a propriedade...ou você crê que os pobres, os miseráveis assim o são por opção...ou obra divina...?<br /><br />Legal sua maneira democrática de contrapor argumentos, desqualificando as obras que você não escolheu como dogmas...Adam Smith serve, Marx não...<br /><br /> Meu caro, vou repetir verdade, tempo, espaço, liberdade, tido isso só existe porque você crê...<br /><br />"(...) Posso duvidar de tudo, mas tenho certeza de que estou aqui pensando, duvidando. Sou uma coisa que duvida, que pensa."<br /><br />René Descartes em Meditações Metafísicas...Essa obra não li, mas achei numa revistinha de divulgação científica chinfrim (Superinteressante), para você basta...Não dá para discutir com quem crê em deus (assim, minúsculo mesmo)...A sua obtusidade lhe cega...Até o mercado se apropriou de Marx para criar "antídotos" para a expropriação capitalista (Wellfare State)...seu problema, já disse e repito, e de fé...rotular é seu hobby...valoriza o pensamento direitista de séculos atrás, e desqualifica a esquerda e seu pensamento...não dá, procure um padre ou um pastor...quem sabe?<br /><br /> poderia recomendar Richard Dawkins, Einstein, mas não, não estão à sua altura...<br /><br />deus salve a tradição, a família e a propriedade...</p><br /><p> </p><br /><p style="color: rgb(0, 0, 153);"><strong>Igor</strong> disse: </p> <p style="color: rgb(0, 0, 153);">Prezado Xacal,<br /><br />nada mais lhe resta senão sair de fininho, me agredindo, novamente, e sem apresentar coisa alguma, senão um monte de batatadas.<br /><br /><br /> A propriedade é sim um direito natural - ou a vida, que é fato natural, <em>a priori</em>, não é uma forma de propriedade? Ou você acha que antes de qualquer organização ou instituição social havia um ordenamento jurídico ou qualquer outro sistema normativo?<br /><br />Você entende tão pouco de direitos naturais que acredita ser somente a propriedade de terra e de bens títulos pessoais de usufruto. É triste...<br /><br />Quanto aos pobres, que sistema econômico foi o mais eficiente em tirar da pobreza bilhões de pessoas nos últimos séculos? Talvez você acredite que a riqueza é gerada por abiogênese, assim, click!, num estalar de dedos. </p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"><br />E é tão ingênuo ou burro que não sabe ser Marx um "seguidor" de diversos conceitos e teorias de Smith, como a teoria do Valor Trabalho, sobre a qual Marx embasou sua teoria da exploração capitalista. Tsc, tsc...<br /></p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"><br />Sua exposição da não-existência do tempo, espaço e etc soa como um Parmênides tupiniquim, mas alguns milhares de anos atrasado. Deprimente.<br /></p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"><br />Engraçado você citar Descartes, um racionalista, arquirival dos empiristas. Isso demonstra a salada mista que é essa sua cabeça: uma sopa de letrinhas formando construções sem sentido.<br /> </p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"><br /> Falar em Welfare State sem saber que o mentor desse conjunto de políticas econômicas foi um sujeito que compunha a <em>Fabian Society</em> britânica também dói a vista. Mas sou bem receptivo: aceito Keynes como um <em>liberal</em>, desde que no sentido ianque da palavra.<br /></p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"><br />Sua agressão à minha fé é também tão ridícula quanto todo o corpo. Não sei por que se deu, mas deve ter sido a dor de cotovelo ao ver todo seu discurso ser descontruído frase por frase, todo demolido e enterrado pela luz da razão.<br /></p><p style="color: rgb(0, 0, 153);"><br />Além dessas considerações, não há o que ser dito. Acho que todo o público do blog notou quem é quem nessa discussão, quem é o defensor da violência como método, quem é o defensor do totalitarismo e das trevas da razão. Espero, de coração, que algum dia - caso sua velhice intelectual e de idade permitam - você possa absorver um pouco do que foi dito e perceba que a morte e a tortura não são caminhos aceitáveis para tornar pragmáticas certas condutas.<br /><br /><br />Paz e bem!</p><br /><br /><p> </p> <p style="color: rgb(153, 0, 0);"><strong>Xacal</strong> disse:</p> <p style="color: rgb(153, 0, 0);">Tudo bem, Igor Ratzinger "Ceasar"...<br /><br /> Se isso satisfaz a você, vamos lá:<br /><br />Você me convenceu...eu sou uma "ameba", minhas referências são ridículas e pobres vi a luz, a verdade e a vida...em deus nós cremos, e até aqui nos ajudou o senhor...morte aos infiéis, muçulmaos, judeus, umbandistas, todos não-cristãos...<br /><br />propriedade é meu direito natural inalienável, acumulação é meu lema, quanto mais propriedade mas democracia respirarei e exercerei...<br /><br />salve plínio salgado, salve dom fernado riffan, salve adam smith, salve george w. bush...margareth, the iron maiden...rezemos pela alma de suharto...o indonésio justo e injustiçado pela mídia judaica esquerdista...</p><p style="color: rgb(153, 0, 0);"> Ufa...acho que chega, não..Só uma coisa não entendi: se eu vou deixar a esquerda, serei da direita...pois nós só cremos em certo e errado, branco e preto, honesto desonesto, democratas e tiranos...não há centro, correto?</p><p style="color: rgb(153, 0, 0);"> Mas por que o nosso pessoal se irrita tanto quando são chamados pelo nome: direita, conservadores...ahhhh, somos liberais, ok, combinado então...<br /><br /> Ave Ceasar...<br /> deus salve o rei...<br /> maria mãe de deus...imaculada (e grávida) mistérios da fé...<br /> será que meu cachorrinho adolph tem alma?será que ele também reza (ou ora, ao gosto dos pentecostais)<br /> quero ser mórmon, pelo emnos vou poder ter meu arém...<br /> Obrigado por me oferecer a revelação, ó filósofo e bálsamo das almas ignorantes, e hereges...<br />minha culpa, minha máxima culpa...</p><br /><p style="color: rgb(0, 0, 153);"><br /></p> <p style="color: rgb(0, 0, 153);"> </p> <p style="color: rgb(0, 0, 153);"><strong>Igor</strong> disse:</p> <p style="color: rgb(0, 0, 153);">Xacal,<br /><br /> fico feliz pela sua conversão! Espero que sua vida tome um novo rumo a partir de agora.<br /><br />O primeiro passo é ler mais sobre o cristianismo - já que agora é cristão - e não sair falando mais batatadas como o último post.<br /><br /> O segundo é ler qualquer coisa, para ver se aprende a escrever em português correto.<br /><br /> O terceiro é cair de cabeça na filosofia, porque só desse jeito você será capaz de tentar mostrar que sabe alguma coisa.<br /><br /></p> <p style="color: rgb(0, 0, 153);"><br />Brincadeiras à parte, você não tem jeito, Xacal. Será sempre um fanfarrão. Fanfarrão e burro. Mas não por incapacidade: por desonestidade.<br /><br />Foi bom para o meu ego ter feito você passar essa via crucis. Pena que mesmo depois de três dias você não "ressucitará". Continuará preso à cruz que te molesta e molesta todos os outros que absorvem ou são influenciados por sua ignorância.<br /><br /><br /> In corde Iesu, semper,<br /><br />Igor</p>Igorhttp://www.blogger.com/profile/13027619183706761932noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456852316151905855.post-57719661714902954822007-12-28T04:17:00.000-08:002007-12-28T04:20:54.573-08:00O Teste de Política<table style="BORDER-RIGHT: black 1px solid; BORDER-TOP: black 1px solid; BORDER-LEFT: black 1px solid; BORDER-BOTTOM: black 1px solid"><tbody><tr><td align="middle"><span style="font-size:100%;"><!--t-->Você é de <center><br /><span style="font-size:130%;"><b>Social Liberal</b></span><br /><span shmolor="#a8a8a8" style="font-size:100%;">(60% permissive)</span><br /></center><br />e um... <center><br /><span style="font-size:130%;"><b>Economic Conservative</b></span><br /><span shmolor="#a8a8a8" style="font-size:100%;">(80% permissive)</span><br /></center><br />Você é melhor descrito como:<br /><br /><span style="font-size:+2;"><u><center><b>Capitalista (80e/60s)<!--/t--></b></center></u></span><br /><table id="thetable" height="375" cellspacing="0" cellpadding="0" width="375" background="http://panther.is3.okcimg.com/graphics/politics/chart_political.gif" border="0" name="thetable"><tbody><tr height="56"><td width="206"><!--this width sets social axis, center is 169--></td><td width="168"></td></tr><tr height="318"><!--this height number economic axis, center is 206--><td width="206"></td><td valign="top" align="left" width="168"><!--this cellholds the image--><img src="http://panther.is3.okcimg.com/graphics/politics_you.gif" border="0" /></td></tr></tbody></table><br /><table id="thetable" height="375" cellspacing="0" cellpadding="0" width="375" background="http://panther.is3.okcimg.com/graphics/politics/chart_basic.jpg" border="0" name="thetable"><tbody><tr height="56"><td width="206"><!--this width sets social axis, center is 169--></td><td width="168"></td></tr><tr height="318"><!--this height number economic axis, center is 206--><td width="206"></td><td valign="top" align="left" width="168"><!--this cellholds the image--><img src="http://panther.is3.okcimg.com/graphics/politics_you.gif" border="0" /></td></tr></tbody></table><br /><br />Link: <a href="http://pt.okcupid.com/politics"><b><!--t-->O Teste de Política<!--/t--></b></a> <!--t-->em<!--/t--> <a href="http://pt.okcupid.com/"><b>OkCupid Free Online Dating</b></a><br /><!--t-->Também<!--/t-->: <a href="http://pt.okcupid.com/online.dating.persona.test"><!--t-->O Teste de Personalidade do OkCupid<!--/t--></a></span></td></tr></tbody></table><p> </p><p>Legal? <a href="http://www.sentinelas.org/reinada/?p=722">Vi aqui</a>!</p><p> </p><p>Ficou bem parecido comigo, só achei que estou muito centrista, hehehe.</p><p> </p><p>Obs: <em>o texto anterior continua em processo de tradução. Por tratar-se de um estudo, acredito que o trabalho será mais longo que o previsto, mas até o fim do mês de janeiro ele estará pronto.</em></p><center></center>Igorhttp://www.blogger.com/profile/13027619183706761932noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456852316151905855.post-26039160832496794162007-12-12T18:29:00.001-08:002007-12-12T18:36:47.524-08:00A Ascensão, o Declínio e Renascimento do Liberalismo Clássico: Introdução<p align="right"> </p> <p align="right"><font size="1">Do original <em><a href="http://www.belmont.edu/lockesmith/liberalism_essay/index.html" target="_blank">The Rise, Decline and Reemergence of Classical Liberalism - Introduction: The Definition of Classical Liberalism</a> por Amy H. Sturgis</em></font></p> <p align="left"> </p> <p>      O Liberalismo contemporâneo consiste em separadas e habitualmente contraditórias influências de pensamento derivadas de um ancestral comum; o 'pai' intelectual dessas variantes não tem apenas permanecido intacto: ele tem sobrevivido por mais tempo que alguns de seus frutos e mostrado mais força intelectual que outros. Os princípios desse 'pai', conhecido como liberalismo clássico, têm respondido às necessidades e aos desafios de mais de três séculos no Ocidente. Observando seu passado e desvendando como ele respondeu às dramáticas mudanças econômicas, tecnológicas, políticas e sociais, talvez entendamos como o liberalismo clássico provém uma sólida fundamentação para o futuro. </p> <p> </p> <p>      Visando atribuir consistentes limites a este estudo, eu preciso, primeiramente, definir liberalismo clássico. Acadêmicos têm oferecido diferentes interpretações sobre este termo. Por exemplo, E. K. Bramsted, co-editor da monumental antologia <em>Western Liberalism: A History in Documents from Locke to Croce</em> (1978), afirma que o liberalismo clássico dá suporte aos direitos individuais(com cuidadosa atenção aos direitos mais ameaçados das minorias), ao direito de propriedade - em particular, a obrigação governamental de proteger a propriedade -, a um governo constitucionalmente limitado e a uma crença no progresso social(36). John Gray alarga essa descrição em <em>Liberalism</em> (1986) para incluir filosofias que demonstrem individualismo, igualitarismo e universalismo(x). Em <em>Liberalism Old and New</em> (1991), J. G. Merquior argumenta que as teorias dos direitos humanos, o constitucionalismo e a economia clássica definem o liberalismo clássico. </p> <p> </p> <p>      Na verdade, esses acadêmicos e outros concordam mais do que destoam entre si sobre componentes filosóficos. Para a finalidade desta cronologia e análise, eu devo aplicar um amplo critério para se determinar se uma idéia ou indivíduo encaixa-se nesta tradição intelectual. Nesse contexto, o liberalismo clássico inclui o seguinte: <br />          - uma ênfase ética no indivíduo como um portador de direitos <em>a priori</em> da existência de qualquer estado, comunidade ou sociedade; <br />          - a promoção do direito de propriedade e, atada à sua conclusão econômica, um sistema de livre-mercado; <br />          - o desejo de um governo constitucionalmente limitado, para proteger direitos individuais de outros e da própria expansão governamental; <br />          - e a universal (global e não-histórica) aplicabilidade de todas as condições acima. </p> <p> </p> <p>      Essas características excluem alguns pensadores comumente ligados ao liberalismo clássico, embora eles abracem muito mais que excluam indivíduos. A falha em exibi-las, entretanto, aponta para uma diferença bastante fundamental entre as mentes que compõem a tradição. Dois casos diversos de pensadores associados ao liberalismo clássico, mas não pertencentes a esta ideologia talvez sirvam como exemplos. Primeiro, Jeremy Bentham e os utilitaristas aceitavam direitos limitados e economia de mercado até onde eles provissem a maior alegria para o maior número de pessoas. Os fins do liberalismo clássico servem como meios convenientes a eles, mas os eventuais fins que eles buscavam traíam um coletivismo intelectual incompatível como o critério acima. De um ângulo diferente, a visão de Jean Jacques Rousseau acerca do contrato social, também notável, incluía uma noção quase mística de uma vontade geral. Tal conceito criou uma elite extremamente forte para interpretar e impor sua vontade pela força, se necessário. De novo, componentes vitais do pensamento liberal clássico são ofendidos. Nem Bentham nem Rousseau, logo, são membros desse legado. </p> <p> </p> <p>      Qualquer tentativa de contar a história do liberalismo clássico não fará justiça à imensa riqueza e diversidade de indivíduos e movimentos contidos nele. Nessa história, três temperos distintos coexistem e se constantemente se misturam: a realista tradição legal inglesa, a racionalista tradição  francesa de humanismo, e a organicista tradição individualista alemã. John Gray caracteriza essas três complementares definições de liberdade - ainda que conflituosas entre si -, com a Inglaterra representando independência; a França, autonomia; a Alemanha, realização pessoal. Além dessas diferenças nacionais, dois conceitos paralelos sobrevivem durante a história do liberalismo clássico, independentemente dos limites geográficos. Um é qualificado mediante uma visão negativa da natureza humana, aceitando que pessoas são igualmente falhas e incapazes da perfeição. Ele segue da perspectiva de que o poder deve ser limitado porque ele permitiria que indivíduos corruptos praticassem mais danos que outros. A outra perspectiva sustenta que todas as pessoas são intrinsicamente boas e suscetíveis à perfeição, logo, o poder deve ser limitado para deixar que a humanidade desenvolva-se em direção a uma ordem mais perfeita de autonomia. </p> <p> </p> <p>      Essa cronologia não pode, admitidamente, dissertar sobre todo contribuidor ou toda escola de pensamento em se tratando de uma tradição tão multifacetada e duradoura. Por exemplo, as contribuições de Lysander Spooner e dos anarquistas americanos do século 19, ou de Albert Jay Nock e a Velha Direita Americana poderiam ter sido facilmente incluídas. Fiz um esforço para indicar os líderes que simbolizam os estágios históricos da ideologia. A ausência de nomes e trabalhos não indica, necessariamente, qualquer julgamento de pouca importância. Esse tratado é concebido para dispor uma introdução geral à ascensão, declínio e renascimento do liberalismo clássico, e, portanto, é limitado pelo espaço e finalidade. Como a decisão de incluir e omitir fatos foi difícil, e, por pouco, arbitrária, eu peço o perdão do leitor ao começar a retomada histórica.</p> <p> </p> <p> </p> <p>Continua...</p> Igorhttp://www.blogger.com/profile/13027619183706761932noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3456852316151905855.post-24971417767274975112007-12-10T10:01:00.001-08:002007-12-12T18:35:48.774-08:00A Violência do Planejamento Central<p align="right">Do original <em><a href="http://www.lewrockwell.com/rockwell/centralplanning.html" target="_blank">The Violence of Central Planning</a></em></p> <p> </p> <p>    Para a geração de hoje, Hitler é o homem mais odiado da história, e seu regime o arquétipo da política maligna. Essa visão não se estende às suas políticas econômicas, entretanto. Longe disso. São corroboradas por todos os governos ao redor do mundo. O Glenview State Bank of Chicago, por exemplo, recentemente elogiou a economia Hitlerista em seu jornal mensal. Fazendo isso, o banco descobriu os perigos de saudar os planos Keynesianos no contexto errado. </p> <p> <br />    A edição da newsletter(Julho de 2003) não está online, mas seu conteúdo pode ser encontrado via carta de protesto feito pela Anti-Deflamation League. “Apesar dos argumentos econômicos”, diz a carta, “as políticas econômicas de Hitler não podem ser separadas de suas imensas ações anti-semitas, racistas e genocidas. (…) Analisar suas ações sob qualquer outra ótica faz com que se perca o ponto central”.</p> <p> <br />    O mesmo poderia ter sido dito sobre todas as formas de planejamento central. É errado tentar examinar políticas econômicas de qualquer leviatã separado de sua violência política que caracteriza todos os planejamentos centrais, seja na Alemanha, na União Soviética ou nos Estados Unidos. A controvérsia ilumina os caminhos nos quais a conexão entre violência e planejamento central ainda não são entendidos, nem mesmo pela ADL. A tendência dos economistas de admirar o programa econômico de Hitler é um caso relevante.</p> <p> <br />    Na década de 1930, Hitler era amplamente visto como apenas mais um planejador central protecionista que reconhecia a suposta falha do livre-mercado e a necessidade de uma economia de desenvolvimento nacionalmente guiada. O economista socialista proto-keynesiano Joan Robinson escreveu que “Hitler descobriu uma cura contra o desemprego antes de Keynes ter terminado de explicá-la”.</p> <p> <br />    Que ações econômicas foram essas? Ele suspendeu o padão-ouro, iniciou gigantescas obras públicas como as Autobahns, protegeu a indústria de competição estrangeira, expandiu o crédito, instituiu programas de emprego, coagiu o setor privado nas decisões de preços e produção, expandiu vastamente o exército, aplicou controles de capitais, instituiu planejamento familiar, penalizou o fumo, criou plano de saúde nacional e seguro-desemprego nacionais e impôs valores educacionais, o que acarretou enormes déficits. O programa intervencionista nazista foi essencial para a rejeição do regime de economia de mercado e para a adoção do socialismo de um único país.</p> <p> <br />    Esses tipos de programa continuam ovacionados hoje em dia, ainda que dadas as suas falhas. Eles são os bônus de toda democracia “capitalista”. O próprio Keynes admirava o programa econômico nazista, escrevendo no prefácio da edição germânica de sua Teoria Geral: “A teoria de produção como um todo, que é o que o livro em questão se propõe a fornecer, é muito mais facilmente adaptada às condições de um estado totalitário que a teoria de produção e distribuição de um certo produto manufaturado sob as condições de competição livre e uma larga proporção de laissez-faire”.</p> <p> <br />    O comentário de Keynes, que pode chocar muitos, não veio do nada. Os economistas de Hitler rejeitaram o lasseiz-faire, e admiravam Keynes, até o precedendo de diversas maneiras. Do mesmo modo, os keynesianos admiravam Hitler(ver George Garvy, “Keynes and the Economic Activists of Pre-Hitler Germany”, The Journal of Politcal Economy, Volume 83, Issue 2, April 1975, pp. 391-405).</p> <p> <br />    Mesmo em 1962, num relatório escrito para o Presidente Kennedy, Paul Samuelson elogiou Hitler implicitamente: “A história nos lembra que mesmo nos piores dias da depressão não houve escassez de especialistas para alertar sobre todos os problemas dos curativos via ações públicas.(…) Tivesse esse conselho prevalecido aqui, como prevaleceu na Alemanha pré-Hitler, a existência de nossa forma de governo poderia estar em risco. Nenhum governo moderno incorrerá nesse erro de novo”.</p> <p> <br />    De certo modo, isso não é surpreendente. Hitler instituiu um New Deal para a Alemanha, diferente de FDR e Mussolini apenas nos detalhes. E isso funcionou apenas no papel, no sentido que os PIBs da época refletem um caminho de crescimento. O desemprego permaneceu baixo porque Hitler, apesar de intervir no mercado trabalhista, nunca tentou aumentar os salários além de seus níveis de mercado. Mas debaixo disso tudo, graves distorções estavam acontecendo, assim como acontecem em qualquer economia de não-mercado. Elas podem aumentar o PIB em curto prazo(veja como os gastos governamentais aumentaram a taxa de crescimento dos EUA no segundo semestre de 2003 de 0,7% para 2,4%), mas não funcionam a longo prazo.</p> <p> <br />    “Escrever sobre Hitler sem o contexto de milhões de inocentes brutalmente mortos e os dezenas de milhões que morreram lutando contra ele é um insulto a suas memórias”, escreveu a ADL no protesto pela análise publicada pelo Glenview State Bank. De fato.</p> <p> <br />    Mas ser realista sobre as implicações morais de políticas econômicas é a moeda de troca da profissão. Quando economistas defendem o aumento da “demanda agregada”, eles não dizem detalhadamente o que isso significa. Isso significa forçosamente passar por cima das decisões voluntárias de consumidores e poupadores, violando seus direitos de propriedade e sua liberdade de associação para atingir as ambições econômicas do governo. Mesmo que esses programas funcionassem num sentido técnico, deveriam ser rejeitados por serem incompatíveis com a liberdade.</p> <p> <br />    Assim o é com o protecionismo. Era a maior ambição do programa econômico de Hitler expandir as fronteiras da Alemanha para fazê-la uma autarquia possível, o que significava gigantescas barreiras protecionistas às importações. O objetivo era fazer da Alemanha uma produtora auto-suficiente para que não fosse suscetível à influência externa e não estivesse sujeita às oscilações dos outros países. Foi um caso clássico de uma xenofobia economicamente contraprodutiva.</p> <p> <br />    E mesmo nos EUA de hoje, políticas protecionistas estão retornando tragicamente. Somente sob a administração Bush, uma imensa faixa de produtos desde madeira a microchips estão sendo protegidos de competição dos baixos preços estrangeiros. Essas políticas estão sendo combinadas com tentativas de estimular oferta e demanda através de gastos militares em larga-escala, política-exterior improvisada, políticas de bem-estar, déficits, e da promoção de um fervor nacionalista. Essas políticas podem criar a ilusão de uma prosperidade crescente, mas a realidade é que elas desviam recursos escassos de empregos produtivos.</p> <p> <br />    Talvez, a pior parte dessas políticas é elas são inconcebíveis sem um Estado leviatã, exatamente como Keynes disse. Um governo grande o suficiente e poderoso o suficiente para manipular demanda agregada é suficientemente grande e forte para violar liberdades civis de pessoas e atacar seus direitos em qualquer outro aspecto. Políticas Keynesianas(ou Hitleristas) libertam a espada do Estado sobre toda a população. Planejamento central, mesmo em suas insignificantes variedades, e liberdade são incompatíveis.</p> <p> <br />    Desde o 11 de setembro e da autoritária resposta militar, a esquerda tem avisado que Bush é o novo Hitler, enquanto a direita condena esse tipo de retórica como uma hipérbole irresponsável. A verdade é que a esquerda, ao fazer esses avisos, está mais correta que se sabe. Hitler, como FDR, deixou sua marca na Alemanha e no mundo esmagando tabus contra o planejamento central e fazendo do grande governo um aparente permanente bônus das economias ocidentais.</p> <p> <br />    David Raub, o autor do artigo para o Glenview, estava sendo ingênuo ao pensar que ele poderia olhar para os fatos como a grande mídia os vê e dar o que ele pensou que fosse uma resposta convencional. A ADL está certa nesse caso: planejamento central nunca deve ser aclamado. Nós devemos sempre considerar o contexto histórico e os inevitáveis resultados políticos.</p> <p> </p> <table cellspacing="0" cellpadding="2" width="400" border="1"><tbody> <tr> <td valign="top" width="400">Llewellyn H. Rockwell, Jr. é presidente do <a href="http://www.mises.org/">Ludwig von Mises Institute</a> em Auburn, Alabama, e editor de <a href="http://www.lewrockwell.com/">LewRockwell.com</a>.</td> </tr> </tbody></table> <p> </p> <p>Agradecimentos ao <a href="http://libertyzine.blogspot.com/" target="_blank">Jack</a> pela revisão do texto.</p> Igorhttp://www.blogger.com/profile/13027619183706761932noreply@blogger.com0